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Mostrando postagens de janeiro, 2011

Em nome do Homem

"As cidades estão sendo construídas e muitas vezes reconstruídas sem propósitos humanos, mas atendendo somente as exigências tecnológicas e imobiliárias" Um dos grandes desafios brasileiros, no momento, é criar um modelo político urbano próprio, de tal forma que, nessa corrida em defesa do homem nos grandes centros, a cidade não chegue a esmagá-lo. Presidente Prudente, como capital da Alta Sorocabana, é hoje uma das cidades interioranas mais bem arborizadas. Mas, onde paira a desconfiança do homem diante do outro, desconhecido, é a tônica mais visível e palpável nas relações sociais da população. À primeira vista, o entusiasmo diante da cidade, os transeuntes caminhando pelas avenidas cordiais e amenas. Tão amenas que os homens possam parar, olhar as vitrines, contemplar o céu e, finalmente, se reencontrar. Interessa talvez lembrar que o maior espetáculo de uma cidade ainda é o homem. O maior acontecimento, ao longo de uma rua, avenida, precisa continuar sendo o homem.

Quando a história pega mofo

Montezuma Cruz, "a enciclopédia da Amazônia" Help, Rondônia também faz igual Não imaginava que no início da "melhor idade" fosse ter dificuldades em folhear novamente o Correio da Sorocabana, A Voz do Povo , A Região (em jornal e revista!). No entanto, dez anos atrás já fora alertado pelo jornalista ourinhense José Rodrigues, que um dia cedeu uma coleção inteira do seu Tempo de Avanço (anos 1960-70!) ao museu de sua cidade, constatando depois o desinteresse oficial em conservá-la para o usufruto da pesquisa por novas gerações.          Nosso estimado Enéas Macedo (ex-sucursal paulista de O Globo durante anos), comentou a respeito da perda de memória das folhas prudentinas por conta do desleixo de museus, arquivos públicos, etc. Algo lembrado, muito bem, pelo nosso querido Rubens Shirassu Júnior, de quem tive a honra de conhecer, entre 2005 e 2006, na Redação de O Diário do Norte do Paraná , em Maringá. Enéas chama atenção para o papel do sindicato da catego

No caminho da cultura sem face

Se a Arqueologia (do grego, arqué , antigo ou poder, e logos , discurso depois estudo, ciência) é a disciplina científica que estuda as culturas e os modos de vida do passado, a partir da análise de vestígios materiais. Motivo que demonstra ser uma ciência social, isto é, que estuda as sociedades, podendo ser tanto as que ainda existem, quanto as já extintas, através de seus restos materiais, sejam móveis (como por exemplo, um objeto de arte, as urnas e cerâmicas indígenas) ou imóveis (como é o caso das estruturas arquitetônicas, os antigos bairros da Vila Marcondes, Bosque e Aviação, as ruas Quintino Bocaiúva, Barão do Rio Branco, Dr. Gurgel e a avenida Brasil de Presidente Prudente). Incluem-se, também, no seu campo de estudos as intervenções feitas pelo homem no meio ambiente. Existem teses arquivadas na Unesp que incluem depoimentos e gravações de descendentes de escravos africanos que seguiram o culto do sincretismo religioso, que conheciam a língua iorubá e os orikis, a exemp

Retórica vaga

“O diabo é que tem gente que leva a metáfora a sério e parece estar sempre se aproveitando do desespero nacional, para saber até aonde é possível ir aos limites da manipulação e do amedrontamento. E, é claro, os que desafiam as normas maniqueístas não sofrerão os efeitos de seu fundamentalismo: no caso de a gente cair no abismo de fogo, não esperamos ver outros caindo junto. Estamos fritos?” Happy Birthday de William Blake   Os dois caminhos oferecidos ao Homem, que se equilibra há milênios, são uma figura de retórica convenientemente vaga. Temos vagas visões como o inferno da escatologia cristã: tem-se o temor, mas não se tem os detalhes. Passa-se a eternidade numa grelha ou há períodos de folga? São sempre os mesmos diabinhos a nos esperar ou há um rodízio? Só sabemos que não queremos chegar lá para descobrir. A ciência, pelo menos até Einstein, nunca pretendeu desafiar a metafísica dominante, mesmo quando desmentia seus dogmas. Em seu tratado revolucionário sobre o Universo h

Cultura caipira no Matarazzo

O trajeto do caipira paulista até os dias de hoje Livro resgata a cultura caipira paulista O poeta prudentino Jesus de Burarama estará coordenando o encontro Caipirando - A Cultura Caipira em Prosas e Versos em 5 de fevereiro, sábado, das 14 às 17 horas, no Centro Cultural Matarazzo, de Presidente Prudente. Dentro da apresentação, Burarama   lançará o livro A História do Caipira: do Jeca Tatu aos Sem-Terras ,   onde descreve em versos a história do caipira paulista, desde o caboclo primeiro, seu desenvolvimento e ocaso social, sua cultura e seu legado. Um projeto de resgate cultural e transformação dentro do contexto histórico, premiado pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, de São Paulo, o ProAC 2009, integrante do Programa de Apoio à Continuidade das Culturas Tradicionais do Estado de São Paulo. O evento é uma produção conjunta entre a Oficina Cultural Regional Timochenco Wehbi, o Centro Cultural Matarazzo, Poiesis, Prefeitura de Presidente Prud

O sumo das coisas

Porque enquanto vive, critica, pensa, repensa e inventa as coisas que experimenta com paixão Alma de Brinquedo Leonardo de Paula Campos 78 páginas 2ª edição - 2010 Editora Funcec Fundação Comunitária Educacional de Cataguases, Minas Gerais Em Alma de Brinquedo , livro de estreia de Leonardo de Paula Campos, a matéria e a temática essencial de sua poesia, são o homem inserido no mapa geográfico dos desejos, das revelações e limites do mundo atual. O poeta mineiro descreve em rápidas e belas pinceladas poéticas os rios, as praças, as ruas e o povo de Cataguases e arredores. Campos, como poeta, não se preocupa com a coerência. Se há alguma, está na busca do sumo das coisas, que muda sempre, porque enquanto vive, critica, pensa, repensa e inventa, que experimenta com paixão: ”...convivo a fio com a minha própria reticência: este dilema sem morada ou descanso”. In: Inerências. Fica visível nos breves comentários de Ronaldo Cagiano, poeta e escritor, Luiz Ruffato, escritor, Luciano And

Saca-rolhas rompe os limites

Contos colocam o homem em si, radicalmente livre, embora cerceado socialmente por mecanismos de condicionamento de maneira mórbida e obsessiva Em todos os dez contos que compõem o livro Saca-Rolhas – Repristinações Apoplécticas , 1ª edição, 2010, de R.D. Oliveira Lima Taufick, com ilustrações de Antonio Elder Galvão de Carvalho Lima, editado pela Caki Books, nada se relaciona à palavra “saca-rolha”. Existe, de forma clara, uma metáfora onde o autor utiliza os seus textos para desobstruir seus próprios gargalos (limites em todos os sentidos) reais ou imaginários, de rolhas da emoção ou expressão.

Apelo à atitude na vida

Cartaz de divulgação do Sarau Solidário   No próximo sábado (15.01) às 19h30, no Centro Cultural Matarazzo, na Vila Marcondes, a Associação Prudentina de Escritores (APE) promoverá o primeiro Sarau Solidário do ano, denominado “S.O.S. à Fauna, à Flora, à Humanidade”, conforme o texto instigante e reflexivo inserido no cartaz de divulgação: “Seus olhos precisam ver, seu nariz, cheirar, seus pés e suas mãos, tocar, sua mente, despertar, seu coração, apoiar.” Saber, até sabemos. Mas qual o gesto que nos faz humanos atuantes para um mundo de paz? Para participar deste evento, cada pessoa deve levar 1 kg de alimento não perecível, que será doado à Associação Prudentina de Prevenção à Aids (APPA). O Sarau terá a participação dos escritores: Carlos Freixo, Juca Macedo, Paula Hank e Suley Mara. Na área de música, apresentam-se a Banda Provisória, Jura Acústico, Rodolfo Charelli e Cláudia Mungo. Contará com as exposições de artes visuais de Débora Salomão, Leozinho e Ively Retali. Na part

Eterno retorno

Nietzsche em pintura de Munch O escritor Ronaldo Cagiano nos leva à meditação nietzscheana, quando pondera sobre o eterno retorno, teoria que prevê o angustiante vazio para quem assume levar uma vida linear, longe de buscas e aventuras. Para Nietzsche "a vida é um eterno retorno, porque precisamos, temos a obrigação de errar e voltar a errar quantas vezes for necessário, desde que não cometamos o primário erro humano de levarmos uma vida dentro de um ciclo de mesmices. Esta teoria do filósofo alemão nos convence, em suma, ao analisarmos junto os contos de Cagiano: não levamos uma vida de liberdade, que vale a pena ser vivida.