Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2013

A Gênese do Nosso Tempo

Proust criou um estilo único no século XX   A decadência e os últimos fulgores do idealismo estético das classes abastadas                 Marcel Proust via a sua “Recherche” como um “monumento druídico”, no qual, dizia, era possível “telescopiar” a rotação dos sentimentos, das idéias, dos seres. Não exagerava. Seu romance, além de um impressionante triunfo espiritual do autor sobre si mesmo, é também uma construção intelectual completa. Mas, parece inacreditável que tenha sido possível. Proust, que “morreu por não saber como se abre uma janela e se acende uma lareira” (como diagnosticou o seu editor Jacques Rivière), incapaz de desfazer-se da figura da mãe, um doente penosamente imaginário, além de metido durante anos na atracação inessencial e mundana dos salões de antes da Guerra de 14, parecia votado a um fracasso irredimível.             A partir das leis entrevistas no êxtase da “memória involuntária”, desenvolvidas depois com ardente

A Construção da Catedral

Marcel Proust (1871 - 1922) Nessa existência, onde quase nada era um modelo a ser seguido, tudo passa a ser exemplar             Quando resolveu, depois de uma vida “centrifugada” pelo mundanismo, pela conversação nos salões, pelo ameno turismo do ser, escrever sua trilogia Em Busca do Tempo Perdido , essa que seria a obra de sua existência à procura de sua essência, Marcel Proust pediu que lhe arranjassem uma camisa de tricô. É com ela que se põe a trabalhar, depois de aquecê-la ao máximo na lareira.             O Marcel charmant, dos salões aristocráticos, conversador infatigável, com sua voz delicada, salmódica, ficara para trás. Outro homem ocupa o seu lugar. Proust sem proustianismo. No lugar da flor mundana da botoeira, ele tem agora colada no peito essa malha candente de guerreiro decidido a ir à luta. Começa o grande e modesto caminho através do coração humano. O radical turismo do ser. Começa a Recherche com No Caminho de

O Clássico, o Feminino em Relação a Poesia

Publicou, entre outros, Álbuns da Lusitânia e Sangue Português Raquel Naveira, poeta, ensaísta, duas vezes indicada ao Prêmio Jabuti, abre hoje (26/8) às 19h30, o Ciclo de Críticas, no auditório da Livraria Martins Fontes, em São Paulo, falando sobre a sua relação com a poesia no Projeto “Jardim Alheio”, um grupo de crítica literária. PROJETO “JARDIM ALHEIO” Grupo de Crítica Literária Auditório Livraria Martins Fontes Dia: 26 de agosto (Segunda-Feira) Avenida Paulista, Nº 509 Horário: Às 19h30 São Paulo - SP Seguem os links dos clipes de chamadas no YOUTUBE, do grupo de crítica literária "Jardim Alheio": Data da postagem Título do Clip Link Youtube 21/08/2013 Raquel Naveira & sua relação com a Poesia http://youtu.be/zL2sj_gsd2Q 22/08/2013 Raquel Naveira & a Influência Clássica http://youtu.be/04NRPdjCwSM

E-Books em Expansão no Brasil

Uma pesquisa comprovou que, no Brasil, a venda de e-books gerou um total de R$ 3,85 milhões em 2012, pois não há registros oficiais de 2011, em razão dos resultados serem pequenos. O que significa um pouco menos de 240 mil exemplares vendidos, em uma participação de mercado total de 0,29%. Este levantamento pode ser encontrado detalhadamente no blog de Carlo Carrenho, onde expôs claramente que o boom desse formato ocorreu apenas em outubro do ano passado, quando a Apple começou a vender livros digitais brasileiros, ganhando força máxima a partir de 5 de dezembro do mesmo ano, quando chegaram juntas a Amazon, o Google e o Kobo no Brasil. Tal fato indica uma tendência importante: que os altos índices de vendas, que marcaram os últimos meses de 2013, foram responsáveis pelo crescimento súbito dos e-books, livros digitais de preço acessível. Os produtores e as editoras que trabalham com o formato gostaram da notícia e prospectam que 2013 proporcionará excelente

Como é Duro ser Pedestre

Para ser pedestre completo, com carteirinha do tipo anônimo velocista das ruas, avenidas, calçadas e tudo, deve levar um embrulho debaixo do braço. Ou sacola de plástico. Uns exageram: levam os dois. E ainda tomam sorvete de massa. Só quem não tem dinheiro sabe como é dura a vida do pedestre. E qualquer famoso não se atreve a ser pedestre. É fácil reconhecer o pedestre local: olha para o umbigo e pisa na grama. E mete o pé na jaca. Você reconhece o pedestre orgulhoso e metido a rico: Olha para o alto e pisa no cocô de cachorro e, por sinal, a gente tem que andar feito bêbado desviando dos troços. Isto, é óbvio, indica a falta de grama e terra nas casas. Podemos citar também as calçadas fora do prumo da rua que mais parecem montanhas russas, onde você corre o risco de pisar em falso, torcendo o pé. Na maioria das vezes, pela pouca iluminação à noite e, ainda, por ter que abaixar, pois as árvores são baixas. O pior pedestre é o que tem vergonha de sê-lo

Plataforma de Embarque

Antiga estação ferroviária de Presidente Prudente “Idas e vindas... caminhos sem saber se há de encontrar o que a alma procura. Povos seguem distâncias fugindo de si e a si procuram. A saudade que se mata... a saudade que se deixa...    a essência que se busca... Toda despedida deixa saudade... só cabe a nós mesmos saber como levá-la...” Essas impressões leves e líricas estarão presentes neste sábado, 17 de agosto dentro do programa do Sarau Solidário, com o tema “Plataforma de Embarque.” Os escritores, cronistas, poetas, músicos e artistas plásticos apresentarão suas criações e complementarão o programa do show, com canções de grandes compositores da música popular brasileira, além da boa prosa e poesia clássica, tanto da literatura nacional como a internacional. O evento é uma promoção da Associação Prudentina de Escritores (APE) em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura (Secult). SARAU SOLIDÁRIO APE: PLATAFORMA DE EMBARQUE

Homenagem à Edgard Cavalheiro

Impresso com a programação do evento Moacir Amâncio, Luiz Ruffato, Alexandre Staut, Cadão Volpato e Marco Antonio Villa, entre outras atrações A 1ª Semana Edgard Cavalheiro de Literatura acontece em Espírito Santo do Pinhal, São Paulo, desde o último dia 12 até 18 de agosto próximo, no Theatro Avenida e no Ginásio Pinhalense de Esportes Atléticos. O evento constitui uma celebração ao escritor Edgard Cavalheiro, principal biógrafo de Monteiro Lobato e um dos criadores do Prêmio Jabuti de Literatura. A programação traz atividades diversas, todas coordenadas pelo Departamento de Cultura da cidade, que inclui palestras, concertos musicais e o lançamento de documentário sobre a vida e a obra de Cavalheiro.  Durante a semana, haverá uma feira do livro, no Ginásio Pinhalense de Esportes Atléticos (GPEA), com a presença de livrarias e editoras diversas. Na parte musical, além da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, um dos destaque

O Visionário Murilo Mendes

Retrato de Murilo Mendes (1951) de Flávio de Carvalho Hoje completaram-se 38 anos de seu falecimento Murilo Mendes, uma das mais interessantes e controvertidas figuras do mundo literário brasileiro, um poeta difícil e, por isso mesmo, pouco divulgado. Tinha uma personalidade desconcertante, sua vida também constitui uma obra de arte, cheia de passagens curiosas de acontecimentos inusitados, que amava Wolfgang Amadeus Mozart e ouvia suas músicas de joelhos, na mais completa ascese mística, não permitindo que os mais íntimos se acercassem dele nessas ocasiões. Certa vez, telegrafou para Adolph Hitler protestando em nome de Mozart contra o bombardeio em Salzburgo. Sua fixação contemplativa por janelas foi assunto do cronista Rubem Braga. Em 1910, presenciou a passagem do cometa Halley. Sete anos depois, fugiu do internato para assistir ao brilho de outro cometa: Nijinski, o bailarino. Em ambos os casos sentiu-se tocado pela poesia. “Na

O Mapa Surrealista Revisitado

O Jardim das Delícias de Hieronymus Bosch “A única saída para o Ocidente seria uma radical reformulação do estreito pensamento racionalista vigente, através da criação  de um “mito novo”, fundado no amor, na humildade e imaginação livre.” “A ausência de sistema é também um sistema, mas é o mais simpático”. Tristan Tzara Sob uma excitação inusitada, as palavras e frases intuitivas colhidas poderiam ser uma via de acesso ao inconsciente tão importante quanto o sonho ou o depoimento sob hipnose. O que me interessa é alcançar as fontes poéticas soterradas pela razão utilitária e pela lógica tradicional. Livre da função coercitiva imposta pela razão, a linguagem se tornaria transparente e seria um instrumento de conhecimento e libertação do homem. Expressão surrealista como meio de descoberta de terrenos ainda não explorados sistematicamente: o inconsciente, o maravilhoso, o sonho, a loucura. Desprezo às armas f

Viagens, Sonhos e Iluminações no Caminho

Bashô nas margens do rio Sumida, periferia de Edo Hai-Kai, o despertar Zen, diz infinitas coisas tendo pequenos meios Século XVII. Aos 25 anos, Matsuó Bashô abandona a sua casta social de linha, os samurais, para confrontar com o universo mágico da poesia. Tabi (viagem), foi a sua palavra-chave, a outra é yuma (sonho) – assim, caminhou na estrada, a pé, curtindo a vida sem rumo, por todo um Japão, atrás de luas, lagos, templos dentro da mata escura, buscando lavrar as palavras do peixe; peixe espada; peixe luz ou como diz o poeta Paulo Leminski: a lágrima do peixe, o Hai-Kai. Toda a sua vida se resume neste poema em miniatura que diz infinitas coisas tendo pequenos meios. Os seguidores de Bashô elevam-se a cada ano, e fazem do hai-kai uma educação dos cinco sentidos. Para recriar e penetrar na cultura deste mestre, com tanta paixão e dedicação, que influencia a cada século, nada mais oportuna a escrita de Paulo Leminski, uma groupi