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Mostrando postagens de novembro, 2015

O grande impasse

A urgência de se fundar um tempo histórico entre nós Não se pode discutir um sentido histórico da literatura prudentina, porque não há este sentido. Nossas atitudes são a-históricas. O quê se tem que discutir é a urgência de se fundar um tempo histórico entre nós. Pela falta de tradição cultural decorrente do fator marcante em privilegiar o comércio desde a formação de Presidente Prudente e região, amparado por uma monocultura, influenciado também pelo mau costume da dependência/centralização nas decisões dos órgãos culturais do município e Estado, formou-se um conceito de principais polos divulgadores da cultura. Portanto, os produtores culturais não se isolaram do meio social, o que falta estabelecer é uma espécie de ponte, um intermediador, no caso um agente cultural, que proporcione o diálogo aberto visando o benefício do artista e da empresa patrocinadora. Acredito ser preciso privatizar, ao máximo, as atividades culturais, limitando-se a aç

Alunos conversaram sobre Haicai

Projeto visa difundir a cultura japonesa e o Haicai No aspecto figurativo, assemelha-se à câmera digital que registra o instante fotográfico No final da conversa, junto a professora de língua portuguesa e os alunos Os alunos do 3º ano do ensino médio criaram haicais após o bate-papo Para escritor, ainda se faz necessário um estudo mais aprofundado sobre o gênero             Encerrando a 1ª edição do projeto Sensibilizando através do poema Haicai, uma atividade que valoriza e resgata a memória da cultura japonesa, os alunos do 3º ano do ensino médio, da Escola Estadual Fernando Costa, de Presidente Prudente, ouviram o relato sobre o estudo, a dedicação e a perseverança de Rubens Shirassu Júnior, 54 anos, revisor de textos, escritor, poeta e vice-presidente da Associação Prudentina de Escritores (APE), membro da Academia Venceslauense de Letras (AVL) em que ocupa a cadeira 25, de Monteiro Lobato, e um dos p

O ritmo no relógio de cada um

Um relógio-despertador, que mexe no metabolismo, no biológico             Na manhã de domingo, uma música leve acordou o homem com um som diferente no seu relógio-despertador. Influenciado pelo horário de verão, como se diz. Tal qual peça imposta na temporada. Um breve estribilho, assim como um pedaço das Quatro Estações de Vivaldi. Mas o engraçado é que, quando a musiquinha toca, o homem desperta mesmo que esteja desmaiado num sono profundo. Ninguém sabe direito se o segredo está na música ou no jeito como o relógio a toca. Os sons se repetem várias vezes, até com insistência. As mesmas notas. Porém, dando a impressão de que a melodia se modifica à medida que o homem fica mais acordado. Não irrita, não desgasta, não cansa e nem provoca. Apenas desperta. Mas, desperta para valer. Depois que o homem ouve a música não tem mais jeito de dormir. O relógio acorda a pessoa sem agredir, sem querer impor seu próprio horário. A musiquinha está lá

Bom papo, uísque e amizades

Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Hélio Pellegrino e Otto Lara Resende O interessante é o modo informal como aconteciam esses encontros             De simples bate-papo entre um leitor necessitado e um bibliófilo hospitaleiro, cujos interesses se cruzaram certo dia, “o Sabadoyle” acabou por se tornar a “instituição nacional” que todos conhecem. O leitor era Carlos Drummond de Andrade e o colecionador de livros raros, era Plínio Doyle. O primeiro encontro se deu na casa deste, numa tarde de sábado de 1964. Depois, foram chegando os amigos de um e de outro, levados por motivos vários, mas nenhum maior que o desejo da boa prosa, principalmente sobre literatura. Embora permanecesse informal, a reunião foi se organizando cada vez mais – ganhou nome e, a partir de 1972, o registro em ata. Não uma reles ata burocrática, feita por rábula ou olheiro ocasional. Antes, páginas literárias concebidas com zelo e inventiva crescentes e assinadas por confrades do pes

Poesia na engrenagem do capital

Carlitos em cena do filme Tempos Modernos A ação rompe com um modelo de comodismo e de cegueira mental de mais de 50 anos             Vivemos na sociedade do individualismo e da egolatria, dois cancros sociais, necessários para produzir, entre outras doenças, os propagandistas necrófilos de instituições em ruínas e dos falsos mitos. Causam imensos estragos humanos e na memória em geral, além da lavagem cerebral, da violência gratuita, entre outras injustiças. Estas são típicas características do retorno do medievalismo que, para disfarçar, usa a cruzada moral, a imagem angelical dos jesuítas, e conforme relato do sociólogo Gilberto Freyre destruiu a grande e rica cultura do ervanário dos índios, com o apoio dos conquistadores portugueses e espanhóis provocando um dos maiores genocídios da América, quase igualando aos Estados Unidos. Com a auréola de santos, os ególatras dos dias de hoje abusam da boa-fé persuadindo os oprimidos e

Est End Ida

Bengt Ekerot interpreta a Morte no filme O Sétimo Selo  (1957) de Ingmar Bergman Para o Dia de Finados Feio horror, contempla a alma... E o ódio é turvo! E são velas ofertadas à inveja! Sobre um mar de brasas que ardem Erram teus olhos pelo orgulho da obra, no adejo de asas acima do eu, abrasas, a dor dardeja – um lobo invisível fareja Agora, sabes que és verme e serás assim... Porque não deste uma chama ardente ao teu viver respira uma ilusão morta teme cegar pela intensa luz portas trancadas da alma sombra doente, horas brancas e não espia, um muro, magro, à frente teso ramo volúpia, afogando o curto estático a pele atijolada. O mundo há de rolar – um zero dado tragado pela língua espantosa est end ida estrada monstro com dentes cariados.