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Mostrando postagens de setembro, 2016

Sem Ana, blues

Vídeo produzido pelos alunos do 3º ano de Rádio e TV, da Art&Fato Produções, das Faculdades Oswaldo Cruz, São Paulo          “Como se quando Ana me deixou não houvesse depois, e eu permanecesse até hoje aqui parado no meio da sala do apartamento que era o nosso, com o último bilhete dela nas mãos. A gravata levemente afrouxada no pescoço, fazia e faz tanto calor que sinto o suor escorrer pelo corpo todo, descer pelo peito, pelos braços, até chegar aos pulsos e escorregar pela palma das mãos que seguram o último bilhete de Ana, dissolvendo a tinta das letras com que ela compôs palavras que se apagam aos poucos, lavadas pelo suor, mas que não consigo esquecer, por mais que o tempo passe e eu, de qualquer jeito e sem Ana, vá em frente. Palavras que dizem coisas duras, secas, simples, irrevogáveis. Que Ana me deixou, que não vai voltar nunca, que é inútil tentar encontrá-la e finalmente, por mais que eu me debata, que isso é para sempre. E para sempre então,

Linda, uma história horrível

"Deus, pensou, antes de estender a outra mão para tocar no pêlo da cadela quase cega, cheia de manchas rosadas. Iguais à do tapete gasto da escada, iguais às da pele do seu peito, embaixo dos pêlos. Crespos, escuros, macios". ( Linda, Uma História Horrível ) VEM AÍ, “ADOTE UM DRAGÃO”, UMA ADAPTAÇÃO DE OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO. ASSIM, LEIAM A OBRA, PARTICIPEM DA ATIVIDADE “LEITURA VIVA” E ASSISTAM A PEÇA! LEITURA VIVA Coordenação: Rubens Shirassu Júnior Livro do Mês: “Os Dragões não Conhecem o Paraíso”, de Caio Fernando Abreu Dia: 28 de setembro (quarta-feira) Horário: Das 19 às 22 horas 15 Vagas OFICINA CULTURAL TIMOCHENCO WEHBI Avenida Manoel Goulart, Nº 2.651 - Anexo 1 Fones: (18) 3222-3693 e 3221-2959 Vila Santa Helena Presidente Prudente - São Paulo www.oficinasculturais.org.br Facebook: fanpage Oficina Cultural Timochenco Wehbi ATIVIDADE GRATUITA Link de

O rapaz mais triste do mundo

“Há muitas outras coisas que se poderia dizer sobre aquele rapaz nesta noite sombria, na cidade que sempre foi a dele, neste bar onde agora está sentado à frente de um homem inteiramente desconhecido. Mas parado aqui no fundo do mesmo bar onde ele agora está sentado, com seu pequeno passado provavelmente melancólico e nenhum futuro, porque é sempre obscuro, quase invisível, o futuro dos rapazes de menos de vinte anos — todas essas coisas um tanto vagas, um tanto tolas, são tudo o que posso dizer sobre ele. Assim magro, molhado, meio curvo de magreza e frio. Com esse estranhamento típico dos rapazes que ainda não aprenderam nem os perigos nem os prazeres do jogo. Se é que se trata de um jogo.          Pudesse eu ser o grande Zeus Olimpo e destruiria a cidade com raios flamejantes só para viver o momento da luz elétrica do raio — ele dirá, aquele rapaz, correspondendo à previsível arrogância de sua idade. Não agora. Por enquanto, não diz nada. Nem ele nem o homem de qu

Dama da noite

“Fora da roda, montada na minha loucura. Parada pateta ridícula porra-louca solitária venenosa. Pós-tudo, sabe como? Darkérrima, modernésima, puro simulacro. Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada.” VEM AÍ, “ADOTE UM DRAGÃO”, UMA ADAPTAÇÃO DE OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO. ASSIM, LEIAM A OBRA, PARTICIPEM DA ATIVIDADE “LEITURA VIVA” E ASSISTAM A PEÇA! LEITURA VIVA Coordenação: Rubens Shirassu Júnior Livro do Mês: “Os Dragões não Conhecem o Paraíso”, de Caio Fernando Abreu Dia: 28 de setembro (quarta-feira) Horário: Das 19 às 22 horas 15 Vagas OFICINA CULTURAL TIMOCHENCO WEHBI Avenida Manoel Goulart, Nº 2.651 - Anexo 1 Fones: (18) 3222-3693 e 3221-2959 Vila Santa Helena Presidente Prudente - São Paulo www.oficinasculturais.org.br

Os Dragões Não Conhecem o Paraíso

            “Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma que precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor, para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus, para não se perderem no caos da desordem sem nexo.” ( “Os Dragões não Conhecem o Paraíso”, de Caio Fernando Abreu ) VEM AÍ, “ADOTE UM DRAGÃO”, UMA ADAPTAÇÃO DE OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO. ASSIM, LEIAM A OBRA, PARTICIPEM DA ATIVIDADE “LEITURA VIVA” E ASSISTAM A PEÇA! LEITURA VIVA Coordenação: Rubens Shirassu Júnior Livro do Mês: “Os Dragões não Conhecem o Paraíso”, de Caio Fernando Abreu Dia: 28 de setembro (quarta-feira) Horário: Das 19 às 22 horas 15 Vagas OFICINA CULTURAL TIMOCHENCO WEHBI Avenida Manoel Goulart, Nº 2.651 - Anexo 1 Fones: (18) 3222-3693 e 3221-2959 Vila Santa Helena Presidente Prudente - São Paulo www.oficinasculturais.org.br Facebook: fanpage Oficina Cultural Timochenco Wehbi ATIVIDADE

Cara de santo

Capa de 2006             “Caio Fernando Abreu diz que adora Virginia Woolf e Clarice Lispector. Olha como um estranho estrangeiro que chega na terra desconhecida. Era um “mutante” na linda definição de Lygia Fagundes Telles, amiga e companheira dele há tantos anos. Discutíamos o nada e o tudo. Fiquei na completa intradução. Aliás, poucas pessoas tornavam-se amigas do Caio F. As pessoas ficavam curiosas em decifrar aquela sua aura de mistério. Que coisa interessante! Que cabeça! E aqueles olhos ternos e enigmáticos? Nada mais único." ( Fragmento da crônica Cara de Santo, do livro “Novas de Macho na Cozinha e outros Ingredientes”, de Rubens Shirassu Júnior, Editora Clube de Autores,São Paulo, 2011. ) VEM AÍ, “ADOTE UM DRAGÃO”, UMA ADAPTAÇÃO DE OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO. ASSIM, LEIAM A OBRA, PARTICIPEM DA ATIVIDADE “LEITURA VIVA” E ASSISTAM A PEÇA! LEITURA VIVA Coordenação: Rubens Shirassu Júnior Livro do Mês: “Os Dragões nã

Encontro incidental II

Clear ideas de René Magritte Mergulho com a cega convicção dos suicidas neste espaço misterioso                         turvo                         opaco qualquer coisa sobe pelo dorso do viajante, até onde as faíscas saltam de um núcleo passa a ser uma representação do abismo e o vácuo tome conta do olhar retorcido pela moral no oco da última fibra nervosa percorrendo o avesso da consciência destes bolsões de pânico deste mundo coagulado. Mergulho na lagoa do reencontro pelo cipó da sabedoria, um cordão reluzente do santo dai-me o altiplano elevado, a calma permanente do transporte à via paralela, o mais puro rastro vegetal, entre samambaias, rios, cataratas e pororocas, celebro a redescoberta do corpo pela planta dos pés.

Mil faces do amor e fragmentos de vidas

Capa da edição de 2014                             Rubens Shirassu Júnior, 55 anos, revisor de textos, contista e poeta, estará na Oficina Cultural Timochenco Wehbi, de Presidente Prudente, coordenando o segundo encontro da atividade Leitura Viva , em 28 de setembro próximo. No local, os participantes estarão discorrendo acerca do livro de contos Os Dragões Não Conhecem o Paraíso , de Caio Fernando Abreu.             “São histórias alegres e tristes de amor, fragmentos de vidas que se envolveram com este sentimento em variadas manifestações e eventos. Mas, nos contos, encontramos esses flagras da realidade de forma tão singela, arduamente realista, mas com picos de extremo romantismo que atenuam e preenchem de doçura as linhas traçadas por este contador de histórias”. - declara Shirassu Júnior.             Considerado por muitos críticos o melhor livro de Caio Fernando Abreu, tendo ganhado o prêmio Jabuti em 1999, na categoria contos e crônicas, Os Dragões

Cocteau e suas multifaces

Self portrait de Jean Cocteau Artista encarnou como poucos o inconformismo e, como poeta, se aproveitava do desconhecido             Para Jean Cocteau (1889-1963) “um poeta não deve fazer outra coisa além de poesia”. Mas, ninguém, como ele, foi tão artista num sentido genérico: deixou sua marca na poesia, mas também no romance, fez um teatro inesquecível e um cinema ainda mais perene, em que a influência do que se convencionou chamar de artes plásticas ou visuais esteve sempre presente.             Como definir um homem assim? Multimídia é a palavra que, hoje, o jogaria na vala comum daqueles que são cegamente apaixonados pela tecnologia. Francis Ramirez e Christian Rolot, professores nas universidades Paris 3 e Montpellier 3, integrantes da equipe responsável pela edição das Obras Completas de Cocteau pela Pléiade (o primeiro volume, dedicado à sua poesia, já foi lançado), acharam uma outra forma de defini-lo: Jean Cocteau – L´Oeil A

Encontro incidental I

Ilustração de Jean Cocteau Minha hora plena de amplidão                         tinge meus olhos de clorofila                                                 dentro da região sombria                                    zona vermelha e escondida na mata cinzenta onde todo gesto pelos sentidos desliza para dentro como ser elemental, materializado e solto nas pedras resignadas do caminho. Do ventre equatorial da terra fértil, colho os frutos e flores das sensações diversas e alegres. Sou um grão de areia, um hóspede da natureza rodeado pelas fraternais luzes que entoam: - Toda hora é ouro e sagrada pela brisa leve, serena e soprada pelo jardim das águas e matagais, iluminadas pelo sol da meditação! Estou possuído desta mesma paixão selvagem Evoco os espíritos pondo a minha máscara ritual Resgato o nome primitivo de peso e agilidade de registro ancestral                                    congelado no tempo.