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Mostrando postagens de maio, 2017

Distância

Pensamento e comprometimento

Estilhaços de imagens desnorteadas

Escritor explora a mitologia dentro da história universal Apesar de muito citado por escritores (sobretudo os da nova geração), o romance Lugar Público , de José Agrippino de Paula, continua a ser pouco lido, pouco digerido, pouco compreendido. Isso pode ser explicado, em parte, pelo desafio que a narrativa impõe ao leitor para se acostumar com o estilo do autor ou mesmo aprender a lê-la de modo funcional. Sem obedecer à lógica da clareza narrativa e a estrutura linear ou qualquer outra regra de escrita comum, seu estilo fragmentário, o livro aborda o cotidiano caótico de uma grande cidade na qual os personagens com nomes de figuras históricas como Napoleão, César ou Pio XII vivem de forma errante. Assim, o romance é menos radical que PanAmérica , pois explora apenas os mitos antigos. Característica do escritor em explorar a mitologia dentro da história universal.   Em PanAmérica ,   segundo romance do escritor, explora de modo intenso e

A principal ferida social

Aracelli, Meu Amor, chegou a ser censurado e apreendido, sob a única alegação de que atentava contra a moral e os bons costumes Uma literatura que não usa perfume, nem trajes de gala. Em José Louzeiro, as coisas aparecem com o odor que há em nossa realidade social, envoltas por farrapos de favelados ou cidadãos de segunda classe, por disfarces, ternos com cheiro de delegacia ou, ainda, por uniformes a serviço de objetivos escusos. Neste autor, que ousa levar a reportagem às últimas consequências, a busca da objetividade e a tentativa de resgatar do esquecimento o drama humano causador e decorrente da violência deslocam para um segundo plano as preocupações de ordem formal. As frases esmeradas ou as expressões exatas cedem lugar ao “jeito de falar” do povo, para o palavrão cru, sem que isso deixe de prender o leitor da primeira à última linha de qualquer de suas obras. Falar do escritor José Louzeiro não é uma empreitada fácil. Mais o

Em doses homeopáticas

Ilustração: Taumatropo, de 1825, por Willian Fitton Falta mais humor e inovação no projeto gráfico da publicação O jornal Pio-Pardo, de boa qualidade, necessita tornar-se mais politizado à medida que aumenta o jogo dos partidos e dos grupos corporativistas que trabalham nos bastidores. Esta publicação mensal tem que dotar uma linha editorial mais combativa e a passar a ser o porta-voz da indignação social de Presidente Prudente e região oeste do Estado de São Paulo. O efeito ocorreu ao contrário: o pássaro ficou preso na gaiola, por medo de perder o seu suporte publicitário. Assim, se mostra claramente uma versão contida e light do famoso semanário Pasquim , surgido em julho de 1969 e que sobreviveu após a abertura política (de 1980) até 1991. Sua essência, nas entrelinhas, como publicação dirigida, serve a uma elite intelectual minoritária, que assiste a um espetáculo medíocre e absurdo. Grande parte do conteúdo político produz

Recriação poética dos mitos

A dimensão não apenas histórica mas metafísica da Grécia, assinalada por Eliade, Kerényi e Rudolf Otto, é projetada na poesia do livro Hidrias Os deuses vivem. Nossa solicitude pode torná-los presentes. Não é mera recordação, é magia do enunciar que, nomeando, invoca forças e qualidades, sob cuja proteção então nos encontramos. Grécia, paisagem interior: plenitude de vida, luz e festa da alteridade que nos habita. Há uma Grécia imortal, incorporada em nós. Sua sacralidade antiga resiste ao tempo, e vibra nas ruínas de Delfos, nas pedras do templo de Apolo, no vale de Agrigento. Numa época da morte de Deus, “tempo de carência” e de ausência do sagrado, a poesia de Dora Ferreira da Silva e a renovada atenção aos mitos gregos lembram que os deuses vivem em nós. E que a poesia é via de acesso ao ser, dádiva, na palavra, de um outro inefável em si mesmo. Walter e Rudolf Otto, Carl Jung, Károly Kerényi, Mircea Eliade abordam, d