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Mostrando postagens de março, 2020

Mitodisseia 61

Como é doce o teu corpo junto à lareira. Na febre destilada nos cachos de teus recatados seios e se formaram arvorados os cabelos de chuvas e sóis. No meio, o sossego das bagas desperta com as ancas, lento arvoredo. Da mata escura, colhi as uvas maduras, que escorrem mas a sede da terra tragou, a marruá acalmou por debaixo de tuas vinhas secretas, de som sereno da nascente. Entre as coxas e a cintura o que te dei preserva com chama o arco-íris na tua nudez, flutua cruzando o céu te avizinhas à alta constelação. Vê-se a olho nu: Ontem, a nebulosa, te entretecendo mitos, que abrangem sem alarde. Hoje, na hora mais propícia você se mostrou de corpo inteiro. Como se fossem gorjeios sobre a varanda e os trêmulos seios e os bambuais vão crescendo. E são doces a tua boca e o teu ventre. O som, a palavra, o grito fazem crescer pelo galho da noite, um maduro figo, fazem cantar o pintassilgo lá na fenda do vale.

Mitodisseia 39

Boca fendida de romã, bagos de vida, esse mistério de água torrencial, fluindo do terminal das coxas, e a vulva possuindo violáceo cacho de uvas. Vinha por essas serras, essas encostas, pisando em toda a praia – o sangue inquieto, um vinho atocaiado por pensamentos leves, como espumas, e os cabelos soltos como nuvens, simples, voraz sem recatos. Ainda assim, alegria, te festejo, liberto da moldura de todos os retratos. Mesmo que o amor seja selvagem, Mesmo que seja arredio, é o que chamas de posse, egoísta e material, a obsessão que te mostra anjo nu expondo a gruta de mata escura urdideira de rio, serpente de prata, sedenta de maior apetite, desespero das pernas vibrar de asas desejando alçar voo, bebe mel no vento, desejo, mas não se rende ao sossego. Um azul onde começa quando em ti levanta esta revoada de pássaros que mordem as entranhas deste fruto que se abre e come por inteiro. Desabar chuva é não medir forças