Capa do último livro de Raquel Naveira (Ao grafiteiro Mundano) O carroceiro, Homem-cavalo, Puxa a carroça pela rua; Será que dá dinheiro Esse monturo de plásticos, Papéis, Cacos E sucatas? O carroceiro, Cavalo-homem, Chafurdou lixeiras, Caçambas, Em busca de metais, Latas, Restos de carros alegóricos, Criou um mundo brasileiro Que carrega às suas costas. Lá vai o carroceiro, Trotando, Subindo ladeira, Passando entre os carros; Os olhos ardem, O estômago pesa, Engole fumaça, Tudo nebuloso Em meio ao chuvisqueiro. Lá vai o carroceiro: Bermuda, Boné, Camisa xadrez Colada ao corpo; Mal-estar De viver assim, Preso por ferros A uma carroça, Seu cativeiro. Lá vai o carroceiro: Dor nas pernas, Nos joelhos, Caminha rumo à favela, Cortada por trilhos, O trem passa, As garrafas tremem, Seu destino é de andadeiro. Lá vai o carroceiro: Empapado de suor E gotas ...