É só a mostragem de barro ordinário de que somos feitos No curso primário, no futebol de rua e no Tiro-de-Guerra, aprendi à força todos os palavrões regionais do Brasil: eles designavam tudo, a vida, a morte, o amor, a mulher, a geometria, a pátria, o pão... Enfim, era impossível viver com os homens sem ouvir e dizer palavrões; mais tarde, passou também a ser impossível viver com as mulheres de boca limpa. Hoje estou bastante integrado na sociedade humana e digo palavrões com naturalidade. Só que depois de tanto agravo, acabei por perceber uma verdade fundamental: o palavrão mostra uma grande parte de nossa imagem. É um espelho, mas um espelho ao contrário: reflete aquilo que é invisível em nós. Ora, diz um escritor muito esperto que os homens se diferenciam pelo que fingem e se assemelham pelo que escondem. Assim, o palavrão serve para mostrar que somos iguais, e só por artifício é que pod...
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