Escritor produziu uma literatura com a essência da alma do povo Como caracterizar de modo coerente um escritor cujos críticos até os anos 80 teimavam em ignorar, ou, quando não ignoravam, em considerar “desmazelado”, mártir ou alcoólatra? Em Lima Barreto, de fato, fica difícil simbolizar os limites entre o intelectual profundamente consciente das questões políticas e sociais de seu tempo e o estilista que insistia em não ter estilo algum; entre o repórter extremamente impiedoso e mordaz, que atacava de frente o lado grotesco dos homens, e o mulato oprimido que chorava às escondidas na solidão de seu quarto, enchendo as páginas do diário de angústia, vergonha e ressentimentos. Exagero, coisas de escritor provinciano, disseram alguns, enquanto outros preferiram não arriscar, levando em conta apenas a hipótese pretensamente plausível de um justificado complexo de inferioridade. A verdade, porém, é que Lima Barreto confundia literatu...