A dimensão não apenas histórica mas metafísica da Grécia, assinalada por Eliade, Kerényi e Rudolf Otto, é projetada na poesia do livro Hidrias Os deuses vivem. Nossa solicitude pode torná-los presentes. Não é mera recordação, é magia do enunciar que, nomeando, invoca forças e qualidades, sob cuja proteção então nos encontramos. Grécia, paisagem interior: plenitude de vida, luz e festa da alteridade que nos habita. Há uma Grécia imortal, incorporada em nós. Sua sacralidade antiga resiste ao tempo, e vibra nas ruínas de Delfos, nas pedras do templo de Apolo, no vale de Agrigento. Numa época da morte de Deus, “tempo de carência” e de ausência do sagrado, a poesia de Dora Ferreira da Silva e a renovada atenção aos mitos gregos lembram que os deuses vivem em nós. E que a poesia é via de acesso ao ser, dádiva, na palavra, de um outro inefável em si mesmo. Walter e Rudolf Otto, Carl Jung, Károly Kerényi, Mircea Eliade abordam, d