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Canto de Cora Coralina


Preferiu traduzir os becos de Goiás
do que morar nos grandes centros


 

Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretãs, nasceu em Goiás, em 20 de agosto de 1889 morreu numa quarta-feira, em 10 de abril de 1985. Em consequência de pneumonia crônica e insuficiência cardiovascular, no Hospital São Salvador, em Goiânia, sendo sepultada às 17 horas de quinta-feira no cemitério São Miguel, em Goiás, sua terra natal. Estava com 95 anos de idade.
Sempre muito homenageada – sua casa em Goiás Velho era praticamente um centro de peregrinação artística. Foi a primeira mulher a receber em 1984, o troféu Juca Pato de Intelectual do Ano da União Brasileira dos Escritores (UBE), era membro da Academia Feminina de Letras de Goiás.
Sua obra escrita consta de três livros, o primeiro editado quando tinha 17 anos. São: Poemas do Beco de Goiás, Estórias Mais, Meu Livros de Cordel e Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha.
Leia abaixo alguns trechos do seu poema “Minha Infância” (Freudiana) mostra-se que a poeta foi vítima de bullying familiar:


“…Eu era triste, nervosa e feia. Chorona.  Amarela de rosto empalamado, de pernas moles, caindo à toa.  Um velho tio que assim me via – dizia: ‘-Esta filha de minha sobrinha é idiota.  Melhor fora não ter nascido!’
Melhor fora não ter nascido… Feia, medrosa e triste.  Criada à moda antiga,  -ralhos e castigos.  Espezinhada, domada.  Que trabalho imenso dei à casa para me torcer, retorcer, medir e desmedir.  E me fazer tão outra, diferente, do que eu deveria ser.  Triste, nervosa e feia.  Amarela de rosto empapuçado, caindo à toa.  Retrato vivo de um velho doente.  Indesejável entre irmãs.
Sem carinho de Mãe.  Sem proteção de Pai… -melhor fora não ter nascido.
E nunca realizei nada na vida.  Sempre a inferioridade me tolheu.  E foi assim, sem luta, que me acomodei na mediocridade de meu destino.”



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