Muitos rostos, muitos nomes, gritos, cachos de lágrimas, crianças recortadas, homens, mulheres, olhares risotas, maçãs coradas, papel cortado, pequenas, quase formigas descendo a escadaria, primeiro um ponto borrado, depois as formas, braços, pernas, circulam no pátio, correm, confundem-se para de novo formar a fila cada vez mais nítida se aproximando de uma esquina dobrada à esquerda, subindo a rua, descendo a rua, subindo a rua, descendo a esteira, no alto do poste formigas, cabeças recortadas nas arestas das janelas, mãos abertas puxam mãos abertas, do teto retangular elas deslizam com agressividade, olhos abertos de lentes negras sem ânsia, nenhum lamento, nenhum grito, às centenas, como podem caber todas neste cubículo, mãos nervosas umas nas outras, a princípio com vagar, a seguir velozes e depois com brio, desespero, esfregam os braços uns nos outros, pernas umas nas outras. Ausência de vento e calor. Falta de nuvens. Pétalas em negro, úmidos galhos, arrancá-las e mastigar a agonia da paisagem. Sufocado, sente que pode pegar o medo flutuante, desabrochá-lo com força enquanto caminha pelo corredor de cimento cinza. A mão direita ergue-se rumo ao peito, desvia a gravata e separa as partes da camisa, agarrando a medalha oval com um facho de luz amarela e lanças incrustadas ou fundidas com toda a peça: no centro há um girassol enlouquecendo no concreto.
pau-brasil em foto de Felipe Coelho Minha gente, não é de hoje que o dinheiro chama-se Pau, no Brasil. Você pergunta um preço e logo dizem dez paus. Cento e vinte mil paus. Dois milhões de paus! Estaríamos assim, senhor ministro, facilitando a dificuldade de que a nova moeda vai trazer. Nosso dinheiro sempre se traduziu em paus e, então, não custa nada oficializar o Pau. Nos cheques também: cento e oitenta e cinco mil e duzentos paus. Evidente que as mulheres vão logo reclamar desta solução machista (na opinião delas). Calma, meninas, falta o centavo. Poderíamos chamar o centavo de Seio. Você poderia fazer uma compra e fazer o cheque: duzentos e quarenta paus e sessenta e nove seios. Esta imagem povoa a imaginação erótica-maliciosa, não acha? Sessenta e nove seios bem redondinhos, você, meu chapa, não vê a hora de encher a mão! Isto tudo facilitaria muito a vida dos futuros ministros da economia quando daqui a alguns anos, inevitavelmente, terão que cortar dois zeros (podemos d...
gostei cara
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