Imprensa e literatura: caminhos intrincados
De modo
mais geral, um texto jornalístico costuma ser associado a “uma espécie de
testemunho do ‘real’, fixando-o e ao mesmo tempo buscando compreendê-lo”
(BULHÕES, 2007, p. 11). Para isso, tende-se a utilizar uma linguagem
considerada mais objetiva, um discurso em que haja pouco envolvimento do
repórter, ou seja, busca-se um foco mais impessoal, o que, na maioria dos
casos, se reflete na falta de espaço para experimentações de estilos de escrita
próprios. Responder às questões básicas (O quê? Quem? Onde? Quando?) torna-se o
núcleo da unidade de escrita jornalística, isto é, a reportagem em detrimento
de interações com o cenário e os personagens da história relatada.
Em
contrapartida, tem-se a literatura. Esta, na opinião Bulhões (2007, p. 12),
diferentemente do jornalismo, não utiliza a linguagem como meio, mas como fim,
o que significa dizer que a linguagem ocupa o papel central do discurso e,
portanto, “se há algo para se comunicar na literatura, esse algo só existe pelo
poder conferido à conduta da própria linguagem”. Assim, a literatura seria um
espaço em que a linguagem pode ser subjetiva e no qual a voz do autor se expressa
de maneira livre.
Confrontando-se
essas duas definições, seria possível pensar, então, que os caminhos tomados pelo
jornalismo e pela literatura, apesar de terem um ponto importante em comum, são
totalmente diferentes. O fato, no entanto, por muitas vezes na história essas
duas áreas têm se encontrado e até mesmo se confundido, tornando assim a
relação entre elas mais complexa e intrincada do que pareceria à primeira
vista.
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