Capa da 1ª edição de On The Road
“O coração é um viajante solitário”
Jack Kerouac
Estamos em tempos da moda retrô. A indústria consumista multipadronizada de nosso País, seus marketeiros e estilistas chegaram ao limite da moda, e o jeito foi retornar ao começo do sonho, aos anos 50. Toda essa alta rotatividade embebedada no solo de sax de Charlie Parker, no rock´n´roll flexivo de Little Richard, Chuck Berry, Elvis Presley e Bill Halley and his Comets. Isto mais garotas, jazz, sexo, a onda de cabelos penteados para trás com um topete na frente e brilhantina, jaquetas pretas, motos, óculos escuros, calça jeans rente ao corpo e carros superadaptados vemos num romance clássico do movimento Beatnik, On The Road (Pé na Estrada) de Jack Kerouac. Esse escritor e poeta místico escandalizou as normas da sociedade na época, pelo seu trabalho repleto de gírias e modos nada convencionais.
A tradução foi encarregada a Antonio Bivar e Ricardo Bueno num trabalho estafante e, principalmente, vivenciado pelos dois na tarefa de traduzir da língua inglesa ao português sem alterações nas 325 páginas do original. Além do mais, já estava em tempo a versão cinematográfica de Walter Salles, pois antes o diretor Wim Wenders havia feito apenas um rascunho do roteiro.
Comparando Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Laurence Ferlingheti, William Burroughs e, sem esquecer no Brasil de Roberto Piva, Cláudio Willer, Jorge Mautner, Décio Bar, Roberto Bicelli e Rodrigo DiHaro, perto deles, espécies mais modernas como os ecologistas visionários, entre outros, tornam-se simplórios escoteiros a praguejar contra a rudeza da verdade. Como os verdes de hoje, os beatniks recusam a sordidez do progresso. Mas, ao contrário deles, não acreditavam na utopia de um retorno à pureza original. Eles sabiam que a destruição do presente significa o aniquilamento do passado.
Kerouac e os seus companheiros de percurso escreveram para celebrar uma geração de heróis anônimos e individualistas pelas circunstâncias, homens que se entregaram à tarefa pouco consagradora de desfazer as grandes máscaras do sonho americano como o status, o poder, a honra e o caráter.
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