Enter the Hell de Alexius
Nos muros, aranhas teciam tempo e medo,
fisgando teu olhar cósmico,
cabo raso que a maré agasalha.
A leste da Estrela a flor celeste tornou-se hera,
o tempo das águas gastou-se na espera
e do grito selvagem da furna adiada
do voo do vento crestou-se a ramagem.
Ah, o poeta uiva e chora a lua,
as galerias das trevas.
Vazio requiem para lentes prudentes city blues,
onde as massas elevam idiotas
em heróis ricos e políticos radioativos
comerão a carne das massas radioativas
que esperam o próximo capítulo do apocalipse
profetizado pelos pastores de almas leigas,
trincheiras de ingênuos cegos,
misturados ao lixo reciclável e apodrecido,
a carniça fede na alta noite negra,
e lá estará o sol bonito escondido,
num silêncio nunca ouvido.
Um grito que se espalha por entre os seres
subterrâneos da terra,
no compasso da Bossa Nova Havaiana
desconcerto de arranha-céus
para esfinge de cimento e concreto
em solo de explodir cabeças,
desespero no olhar cego de fuligem.
Os prédios iluminaram suas milhares de pálpebras
passam as horas decorando um hino fluvial,
as ruas enumeram estrelas magras,
que se penduram em postes boquiabertos.
Só para comer as nuvens enforcou-se
num pensamento, esqueceu a memória na noite
que vem moendo o teu cérebro dispersa-se,
as agências dos olhos se entopem
num saco de palavras velhas
que o tempo vai levando,
mas não uma data, nem uma trava
no quadrante solar, nem qualquer palavra
que disfarça e esconde
o corpo esmerilado do tempo.
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