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Olhos de Lince & Tao Vista


 
 
Cena do game J Zargo
 
 
 
 
 
 

            Kami, significa vento em japonês, uma figura de linguagem que traduz o que não podemos enxergar, o impalpável, um fenômeno da natureza e, de piloto (kaze) quase vento que sobrevoa todas as coisas.
         Não sou um poeta da cidade, mas na cidade, nem da natureza e nem na natureza, como expresso na citação do começo do livro “Kami & Quase Hai-Kais”: “Poetas, xamãs e artistas em geral entrem na frequência enérgica e religuem-se ao Cosmo.”
         O livro está repleto de instantes fotográficos relacionados com a fauna e a flora, a poesia oriental, ao hai-kai de Matsuó Bashô, um dos  mestres que me influenciou pelo seu poder de síntese, sua transcendência relacionada ao Taoísmo, citado no poema Tao Vista (“Será que o destino, como o mar, tenha vista? Será que a poesia tenha pista? A não ser para ser sentida.”)
         Partindo deste ponto de vista o campo é mais livre que a cidade, uma armadilha limitada por muros e sistemas de segurança manipulados pela pedagogia do consumo, labirintos confusos criados pelas indústrias do medo, da paranoia, das doenças e miséria, em todos os sentidos. As libélulas, as aranhas, os vagalumes são seres xamânicos e elementais, eles são os meus totens tutelares. A poesia é uma radiografia do inconsciente, uma forma de expressão e crescimento espiritual. Escrevo para me sentir bem.
         Minha poesia relaciona-se com a pintura, seja em grafite ou aquarela, que explode em múltiplas imagens e figuras. Ela procura transmitir uma visão penetrante e extrassensorial dos olhos do lince, que vê as duas órbitas: encontro natural dos dois mundos fluindo, lado a lado. Tudo é relativo dentro de uma perspectiva maior, a totalidade dos seres e seus respectivos mundos superiores ou inferiores, podendo ser material como o espiritual.
 
 


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