Flutuo
fluido num éter imaginado
pode
ser azul, verde sem saber certo.
Ah,
diluir-me sobre o ventre da Mãe-Terra
- ser
a alta onda sonora que espera
pela
primeira estrela no prelúdio da noite,
refletindo
no espelho.
Quero
apenas o silêncio perene
ao meu
desligamento, o vento derramando
a
liberdade tranquila, além de mim –
e
entre mim e os sinais de Netuno,
transcendo,
sem medo,
maresia
em meus cabelos esvoaçantes,
tenho
todos os sonhos e idades.
( Sinais de Netuno )
Qual o sentido do título do poema “Sinais de Netuno?”
É uma síntese do universo de ilusão,
consumismo desenfreado, vazio mental e melancolia que vivemos no nosso País e, o
que ocorre simultaneamente no mundo! Uma vertente das águas do inconsciente que
captei toda a inspiração e transformei em matéria-prima da poesia.
Netuno, símbolo de romantismo, amor
universal, sutileza, sensibilidade e misticismo. Um planeta ligado ao intelecto,
mas que inclui a fantasia, o glamour e o artifício. Nem sempre se percebe de
imediato, pois sua influência é extremamente subrreptícia, vai se entranhando
ou minando e, de repente, a pessoa fica reduzida, desintegrada e não há mais
nada a fazer. Seria a irrealidade, a
negação do Eu, fora do espaço e do tempo e, por isso, pode ser o nirvana, a
divindade, a individualidade mergulhada no infinito. Nem todos entendem a
energia desse planeta, ele é todas as possibilidades e onde não existem regras.
A cidade em que vivemos é uma experiência muito terrível, muito dura,
existem regras e poucas condições de sobrevivência e segurança. Pagamos um
preço alto para ficarmos em quatro paredes onde não podemos mais contemplar um
céu estrelado, sentir uma brisa que ameniza o forte calor, pois os sistemas de
grades e alarmes nos tornam prisioneiros das metrópoles do medo e da violência,
enclausurados em lápides, estamos enterrados vivos! Esta a sensação sufocante que
nos habita.
O ideal de Netuno transcende a
realidade, é saber sacrificar-se pelo que acredita, embora sabendo que tudo é
ilusão. Ele refina e amacia aquilo que toca, tanto quanto ilude e dissolve. Vê
a realidade dura e prefere colori-la ou não enfrentá-la. Como “senhor dos
sonhos”, deseja que tudo seja belo e ideal, sem personalizar nada, apenas tudo
sendo amor, compreensão, ternura, dedicação, devoção. É através dele que o homem
tira a sua inspiração, com o dom de uma imaginação rica ou de captar as emoções
e sentimentos. O seu exagero pode levar à irrealidade, à alucinação ou ao êxtase.
O refinamento pode diluir a forma de tal maneira que ela se torna sem forma.
Olhar através de óculos cor-de-rosa, sonhar. Ou perder-se em fraudes e
imposturas, aquilo que é, mas não é: Alice
no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.
Dentro
do simbolismo representa a inspiração criadora, a fé que remove até
montanhas, o êxtase que eleva, a intuição que faz você se sentir como parte do
Todo e o amor universal que lhe dá esta certeza. No mapa, indica a sua antena
de ligação com o Universo e aponta a fé através da qual entramos em comunhão
com este Universo.
Nem sempre é fácil compreender o
ensinamento de Netuno. Ele nos mostra a unidade de todas as coisas e faz com
que a alma humana tenha uma vivência nobre e amorosa de fusão do mundo pessoal
com a energia maior do universo. No entanto, esta lição deve ser compensada
pela noção de limites, pelo bom senso e pelo discernimento, coisas que a alma
humana aprende com outro instrutor, o rigoroso Saturno, o senhor do tempo, dos
limites e das estruturas. Ao lado de Urano, Saturno é corregente do signo de
Aquário. A era aquariana exige independência, cooperação, compreensão,
responsabilidade e discernimento, para que se cumpra com eficiência o ideal da
fraternidade, erguido durante a era de Peixes.
Se equilibrarmos espírito e matéria,
teremos a cabeça no céu e os pés na terra. À medida que recebemos a influência
crescente dos planetas impessoais, o grande planeta da lei do carma, Saturno,
nos ensina um novo sentido de ética superior. O ensinamento se dá através dos
próprios desafios que enfrentamos. As crises sociais, econômicas e ecológicas
são colheitas do que nós mesmos plantamos. Estamos aprendendo a perceber nossa
corresponsabilidade pela vida da humanidade e dos outros seres em nosso
planeta.
Assim como o Sol simboliza a totalidade
do nosso eu individual, Urano, Netuno e Plutão representam mais diretamente a
consciência cósmica. Para compreendê-los, é preciso aceitar a energia impessoal
e universal que os anima e aprender a trabalhar com ela. Enquanto não somos
capazes de fazer isso, a energia dos planetas “exteriores” é capaz de causar
boa quantidade de confusão e atrapalhar bastante as tentativas humanas de
organizar o mundo com base na ignorância.
Pela história da astronomia, Netuno, o
gigante azulado, foi descoberto em 1846. Dois anos depois, da publicação do Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels, que proclamou o sonho
visionário de uma humanidade sem fronteiras econômicas, políticas, sociais ou
religiosas. Faltava discernimento. Na literatura, o romantismo chegava ao auge
em todo o mundo. Ilusão, sonho e idealismo andavam juntos.
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