Roda de Samsara
Muita
coisa sofro pela raça:
Sou
enraizado pela herança
do
espírito
ao
anarquista, aventureiro,
fidalgo
e ao encantador de serpentes,
espetáculo
do ilusionista passageiro.
Efeitos
resgatados pela imagem
e
semelhança de mil vidas
superpostas.
Não
nasci há cinco décadas deste século:
sou
o encarcerado do homem que fui.
Nasci
do plano atribulado,
vivi
mil ternuras desdobradas
dos
amores intensos que tive.
Vim
para desaguar o choro
que
desamei e fui amado.
Vim
para banhar novamente no rio.
Vim
para discernir o mal do bem.
Vim
para suportar a pequena
existência
do Eu carnal privado
de
recursos no palco mambembe.
Assisto
às dúvidas e contradições,
personagem
de enigma,
sou
eu quem julgo os quatro elementos.
A
ciranda de pedra,
da
vida gravada em mármore, pois
tudo
passa, e se reduz à efemeridade
menos
a memória da bem-amada.
Tudo
se reduz aos pensamentos,
contatos
à superfície do teu corpo.
Pregaram-me
no mapa-mundi,
transferiram-me
uma alma bucólica
e
um corpo desconjuntado.
Puseram-me
o rótulo de homem,
numa
única vida crucis, praias
uma
passagem certa,
a
morte revelará o sentido
verdadeiro
das coisas,
novo
Prometeu acorrentado
à
ciranda da roda rodando.
( Páginas 64 e 65 do
livro “Cobra de Vidro”, poemas, edição independente, São Paulo, 2012. Um
projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da
Cultura e Programa de Ação Cultural - ProAc 2011. )
Liberdade é morrer ao final de cada dia para renascer com a aurora...Que o físico jamais encarcere nosso espírito
ResponderExcluir