Escultura de Dom Fernando
Bate a enxada
trovoada diamante risca,
a queda brusca e silente
da coifa no azul do céu.
Choro seco,
na aridez do chão,
atravessa o olho de sol,
réptil entrando nas veredas
do deserto, as coisas defumadas
pelo fumo denso e parado.
E um lagarto engole
bolinhos de chuva.
Toda a sede imensa voa no reboque
engessado da Hidra de Sal.
Os ramos brancos remam
modelando máscaras e espigões
mumificados na areia movediça.
Seus sonos cegos, cheios
de asas emplumadas,
as aves negras e desidratadas
nos andaimes,
os dias gorjeiam desfiando
a mortalha.
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