É o vento forte que vem do coro
de vozes no encontro com a melodia
do infinito.
É o vento que vem gemendo
na espinha do abismo turvo
insondável que me separa
de mim.
É o vento percutindo as teclas
do telhado.
Abro as janelas da memória
Abro as janelas da casa,
é o vento encanando no corredor
ventilando fantasmas,
que rompe o cerco das paredes,
explodindo a argamassa de calcário e solidão.
é o vento coreografia de pássaros.
inunda meu quarto crescente das pupilas
dos meus olhos debruçados sob o vento.
Abro as cortinas do vento,
sinto a torrente de vida, a clara
algazarra das vozes aveludadas,
sanguíneas da alvorada.
É o vento que vem abrindo
as lentas pálpebras.
É o vento que molha a boca
de paixão calada,
é o vento que vem mordendo
a carne congelada das nuvens negras,
o mofo acumulado entre os lábios,
o limo que vestiu a carne desolada.
É o vento que faz rolar os cascalhos,
os seixos sem rumo das trevas.
É o vento que vem estripando
o seu sorriso embalsamado,
é o vento que recebe as palmas
uma sinfonia das águas,
que varre a invenção do tempo,
a nostalgia dos túmulos.
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