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O caos armado de rodas









Em Presidente Prudente, hoje, tudo é voltado e (mal) planejado para as necessidades dos automóveis. Parece que as pessoas, em sua imensa maioria, desaprenderam a caminhar ou a se deslocar de outras maneiras. Mesmo para trajetos de 500m, elas optam pelo uso do veículo, seja próprio ou de transporte coletivo, talvez até pelo suposto status que o veículo particular possa conferir ao cidadão. Há uma enorme preocupação da Prefeitura em cuidar das pistas de rolagem, mas nenhuma em manter as calçadas minimamente trafegáveis para os pedestres e cadeirantes. É como se as calçadas fossem “terra de ninguém”; como se nenhum incauto fosse ousar caminhar a pé por elas. Acontece que há milhares de prudentinos que, por consciência ou por falta de opção, precisam caminhar pelas calçadas. E como é duro ser pedestre nesta cidade. Em muitos casos tornam-se praticamente invisíveis, pois os motoristas jogam seus carros sobre eles sem a menor cerimônia, dando ainda a entender que eles, pedestres, os estão atrapalhando em suas manobras, principalmente, nas entradas e saídas de garagens seja de edifícios residenciais e estacionamentos de bancos. É como se a calçada deixasse de ser, sobretudo, o caminho reservado aos pedestres para ser, prioritariamente, entrada e saída de veículos.
Além disso, os níveis de falta de educação e outras manifestações grotescas dos motoristas têm passado de todo e qualquer limite aceitável. Eles metem as mãos nas buzinas a qualquer pretexto, a qualquer hora, não importando se a zona é residencial ou se há crianças e idosos por perto. É a barbárie. E na maioria dos casos, as criaturas grotescas são produzidas por pessoas que se auto-intitulam como sendo de bem. Parece haver muita gente que acha que educação, respeito e boas maneiras não precisam se estender ao trânsito motorizado.
As preocupações dos governantes com o transporte público estão muito aquém de onde deveriam estar. Os investimentos em transportes integrados, que possibilitem aos cidadãos se moverem de maneira rápida e digna em Presidente Prudente são infinitamente menores do que efetivamente essa cidade precisaria. E olhe que as passagens são caras. Pagamos caro para andar como sardinhas em lata, em ônibus reformados e cujos horários (em média de 40 a 50 minutos de espera num ponto de ônibus) e a frequência de partidas sempre estão longe de serem os ideais, gerando a superlotação cotidiana, além do atraso nos compromissos como trabalho e consultas médicas, as consequências, comprometem a credibilidade do(a) cidadã(o) gerando advertências no emprego e criando a imagem negativa da irresponsabilidade. Você fica entre a cruz e a espada!
Projetos para amenizar o problema do poder público, de engenheiros de trânsito com pedestres e motoristas em geral, praticamente não existem. Pouco se investe em ciclovias e em reais incentivos, a exemplo de campanhas educativas para que a população adotasse de maneira segura e confortável o uso das bicicletas em nossas ruas e avenidas, diminuindo, no decorrer do tempo, o congestionamento caótico na área central de Presidente Prudente (como a construção de um estacionamento vertical). Por enquanto, tudo se resume aos carros, tudo se destina aos carros. Eles são os donos das ruas e dos corações e mentes da maioria das pessoas, inclusive daquelas que detém o poder e que, se quisessem, poderiam começar a mudar essa situação. Enquanto isso, ser pedestre, usuário de transporte coletivo, motociclista ou ciclista em Presidente Prudente, como também em São Paulo, são atividades de alto risco, para as quais não há garantias ou preocupações por parte de ninguém.



Comentários

  1. Situação lamentável, Rubens. Presidente Prudente não escapou à ditadura do carro. Pedestre, daqui a pouco, não é gente.

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  2. Verdade, Montezuma! Até 1997, vi no Japão executivos entrando em ônibus e metrô ao lado do povo em geral, para colaborar com a campanha educativa do governo para evitar a poluição do ar e o congestionamento de carros no trânsito. Uma realidade e cultura que está muito longe de acontecer no Brasil...

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