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Precursor da Escola Nova 5

 ( Quinta Parte )



Anísio Teixeira (1996, p.24) enfatizava que para que essa experiência se faça em condições apropriadas, a sociedade terá de oferecer a todos os indivíduos acesso aos meios de desenvolver suas capacidades, a fim de habilitá-los à maior participação possível nos atos e instituições em que transcorra sua vida, participação que é essencial à sua dignidade de ser humano.

Este educador e pensador sempre se refere às diferenças sociais existentes no Brasil com a falta de democracia.

Outro aspecto fundamental para Teixeira refere-se que a educação não é um privilégio, mas sim a educação era dever e baseada numa consciência fundante:

A consciência da necessidade da escola, tão difícil de criar em outras épocas, chegou-nos, assim, de imprevisto, total e sôfrega, a exigir, a impor a ampliação das facilidades escolares. Não podemos ludibriar essa consciência. O dever do governo – dever democrático, dever constitucional, dever imprescritível - é o de oferecer ao brasileiro uma escola primária capaz de lhe dar a formação fundamental indispensável ao seu trabalho comum, uma escola média capaz de atender à variedade de suas aptidões e das ocupações diversificadas de nível médio, e uma escola superior capaz de lhe dar a mais alta cultura e, ao mesmo tempo, a mais delicada especialização. Todos sabemos quanto estamos longe dessas metas, mas o desafio do desenvolvimento brasileiro é o de atingi-las, no mais curto prazo possível, sob pena de perecermos ao peso do nosso próprio progresso (TEIXEIRA, 1994, p.33).

Ele escreveu uma obra intitulada Educação não é Privilégio. Nessa obra demonstra a sua indignação com o campo educacional do seu período, pois assim como outras áreas da sociedade, a educação era prioridade para a elite e não para a classe média e baixa, por isso, em sua obra Educação não é Privilégio o educador aponta e critica a desigualdade existente no campo educacional do seu período.

Anísio Teixeira (1967, p.48) defende a educação como um direito de todos e explica que a educação já não é um processo de especialização de alguns para certas funções na sociedade, mas a formação de cada um e de todos para a contribuição à sociedade integrada e nacional, que está constituindo com a sua modificação do tipo de trabalho e do tipo de relações humanas.

Dizer-se que a educação é um direito é o reconhecimento, formal e expresso de que a educação é um interesse público, a ser promovido por lei.

Outro aspecto importante abordado pelo educador e pensador diz respeito à educação de base devendo ser geral e humanista, pois para Teixeira a educação envolvia a participação da sociedade e dos movimentos que nela ocorrem, daí a necessidade de ser geral.

 

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