( Oitava Parte )
Anísio
Teixeira enfatiza que a escola pública é a máquina que prepara a democracia.
Referindo-se a escola pública, o educador aponta-a como mecanismo necessário,
porém reconhece os problemas existentes na máquina ideal em vista do real:
Proclamamos
a compulsoriedade da escola. Deixamo-la a cargo dos Estados, o que foi sábio.
Mas não a procuramos enraizar na comunidade local. Os municípios ficaram com
uma competência supletiva. Pobres e sem recursos criaram uma escola marginal. E
a situação, hoje, é a que se vê. Escolas estaduais administradas à distância,
não de todo más, alienadas, porém, do espírito local e dependentes em tudo e
por tudo do poder central do Estado. Enquanto as escolas eram poucas, o Estado
ainda lhes dava a devida atenção. Com o crescimento do sistema escolar e a
expansão das demais obrigações do Estado, vem-se tornando, cada vez mais
difícil, ao Estado, administrar a sua escola. Ante o imediatismo de certas
necessidades materiais do progresso geral de cada unidade, a escola vem sendo
relegada no plano geral de governo e, por outro lado, o tipo de centralização administrativa
excessivamente compacto estabelecido pelos governos estaduais impede a atenção
individual às escolas, o que leva a administrá-las como se fossem unidades de
um exército uniforme e homogêneo, espalhado por todo o território (TEIXEIRA, 1959.
p.290-298).
Como
a escola visa formar o homem para o modo de vida democrático, toda ela deve procurar,
desde o início, mostrar que o indivíduo, em si e por si, é somente necessidades
e impotências; que só existe em função dos outros e por causa dos outros; que a
sua ação é sempre uma transação com as coisas e pessoas e que saber é um
conjunto de conceitos e operações destinados a atender àquelas necessidades,
pela manipulação acertada e adequada das coisas e pela cooperação com os outros
no trabalho que, hoje é sempre de grupo, cada um dependendo de todos e todos
dependendo de cada um (TEIXEIRA, 1956, p.10).
Apesar
de o tempo ter passado é bem pontual e presente as colocações de Anísio
Teixeira. É a mais pura realidade das escolas brasileiras.
Seguindo
com o pensamento de Teixeira, ele enfatiza que o professor tem de ser
capacitado democraticamente, encarava a formação do docente e sua constante
(re) capacitação como algo vital.
O
magistério constitui uma das profissões em que a formação nunca se encerra,
devendo o professor, terminado o curso regular, continuar pela prática e
tirocínio o seu desenvolvimento. Hoje, além dessa prática e desse tirocínio,
procura-se dar ao professor estágios, cursos e seminários destinados a apressar
e sistematizar as conquistas que somente uma muito longa prática, e aos mais
capazes, poderia dar. É o chamado training
in service, educação no cargo em expansão em todas as profissões de
natureza, simultaneamente científica e artística (TEIXEIRA, 1958).
Gandini
(2000) analisa como o educador brasileiro contribuiu na criação de instituições
como o INEP, a CAPES, o CBPE, entre outros organismos, cuja preocupação era a
educação de qualidade, pública e laica para todos. Anísio Teixeira se preocupou
com os concursos públicos como forma de recrutar os profissionais da educação.
Comentários
Postar um comentário