Boca fendida de romã,
bagos de vida, esse mistério de água torrencial,
fluindo do terminal das coxas,
e a vulva possuindo violáceo cacho de uvas.
Vinha por essas serras, essas encostas,
pisando em toda a praia – o sangue inquieto,
um vinho atocaiado por pensamentos leves, como
espumas,
e os cabelos soltos como nuvens, simples, voraz
sem recatos.
Ainda assim, alegria, te festejo,
liberto da moldura de todos os retratos.
Mesmo que o amor seja selvagem,
Mesmo que seja arredio,
é o que chamas de posse,
egoísta e material,
a obsessão que te mostra
anjo nu expondo a gruta
de mata escura urdideira de rio,
serpente de prata,
sedenta de maior apetite,
desespero das pernas vibrar de asas
desejando alçar voo,
bebe mel no vento, desejo,
mas não se rende ao sossego.
Um azul onde começa
quando em ti levanta
esta revoada de pássaros
que mordem as entranhas
deste fruto que se abre
e come por inteiro.
Desabar chuva é não medir forças,
derramar líquido como o mar
e a alta onda subir nas estrelas
e ser espelho, repasto.
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