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Mostrando postagens de julho, 2011

A descoberta dos mitos

Uma forma de buscar respostas para questões universais A imprensa mostrou o caso do massacre praticado pelo jovem Anders Behring Breivik em Oslo, em que o fundamentalismo de direita ressurge e cresce, com atentados racistas na Europa e alguns focos no Brasil. Esses fatos esparsos comprovam que a direita religiosa tem ganhado força e se expressado da maneira mais assustadora possível, ao menos. Como no recente massacre perpetrado por um cristão fanático na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, subúrbio do Rio de Janeiro, no qual a velha mídia optou por não dar ênfase ao seu fanatismo cristão. Se na sociedade de Oslo, na Noruega, do bem-estar social e progressista, o cristianismo fundamentalista de direita levou a esse massacre, o que esperar de nosso País, onde atualmente as crenças dos cristãos conservadores exercem uma enorme influência sobre o discurso público – em escolas, juizados e, principalmente, no Legislativo – ao ponto de intervirem em políticas de gover

Amy em pequenos goles

Seu grito e desespero em doses cavalares e secas de conhaque Amy Winehouse como Renato Russo, se expôs nas canções e no mundo como uma figura de domínio público, alvo de uma notoriedade que, em várias ocasiões, chegou a lhe invadir a intimidade, transformando em notícias todos os episódios ligados à sua vida particular. De certo modo, Amy e Renato - suas obras, vidas e personalidades - podem ser encaradas como uma espécie de símbolo, de uma profunda mudança de valores (não só musicais e artísticos) pela qual vem passando nossa sociedade nas últimas décadas. Amy acertou uma comunicação forte com seus ouvintes na produção de seus quatro cds, uma espécie de coroamento da música de parcela da geração 2000 e reunindo o perfil do vazio e dos “sem amanhã’. Quem a ouve muito, a garotada desmotivada que sofre nas américas que agride e estigmatiza a pobreza e, por não ter um pouco de cidadania e determinação. Associada ao fenômeno e a rapidez do sucesso, Amy cristalizou a imagem cool, i

Pedaço do Brasil

Paulo Gracindo destaca-se por dar ênfase nos diálogos de seu famoso personagem O Bem Amado, de Dias Gomes, era uma sátira, bem-construída e encenada, aos  políticos corruptos e à vida cotidiana interiorana, recheada de fatos pitorescos que, às vezes, beiravam ao absurdo. Dias Gomes dava um dinamismo satírico as suas histórias. Sua fotografia litorânea, filmada no Rio de Janeiro (mas com uma história centrada na Bahia) era de encher os olhos e seus personagens bem-caricatos possuíam uma riqueza de comportamentos que transformava cada um deles numa imortal figura da história da nossa televisão. O que fazia da série um sucesso tão grande, provavelmente fosse por que Sucupira era um pedaço do Brasil, com toda sua variedade e riqueza cultural, Dias Gomes chegou a dizer que sua dúvida era se o Brasil é uma grande Sucupira ou seu microcosmo". Uma das marcas de maior destaque do seriado – bem como na novela – era a tripologia popular. O autor concentrou numa cidade do interior

De cara

Respirar os bons ventos de puro éter. Respirar a Terra Respirar a criação é não querer saber de limites. Coisa linda, o movimento que faz, azul manto do mar, que alteza acende a tocha dos meus olhos flamam no manto azul a beleza das nuvens compõem o teu colar. Depois que a chuva molha,              conchas, poços de petróleo, pérolas, reflexos do arco-íris. Terra, terra, mãe de filhos, ofereces abrigo, vestida de floresta. Belo, o desenho do arado amarrado no seu corpo de terras, da alquimia dos minérios, esculpes   as joias reais da coroa. O astro sol já chegou, gema brilhante do olho da alegria. Nestas letras de pés descalços, anuncia o bom dia ao abrir as janelas: - Delícia é poder sentir as coisas mais simples. 

A morte do mito do futebol

Jogo pobre mostrou apenas jogadores como artigos de uma vitrine Todo povo brasileiro sentiu após o jogo entre Brasil e Paraguai o gosto amargo da desilusão e perda. O que se viu na partida era um cenário mórbido de total falta de preparo e entrosamento para enfrentar os adversários. Onze jogadores corriam amontoados atrás da bola, demonstrando a falta de estratégia dinâmica e inteligente para fazer gols. Depois do tremendo choque de alta voltagem, após ver o quadro completo de mediocridade e egocentrismo, o povo percebeu que o futebol não é mais o ópio do povo. Bateu uma sensação de torpor... O excesso de exaltação positiva de certos comentaristas e a exploração exagerada de alguns meios de comunicação, a exemplo de matérias cobrindo as manhas e manias e a vida privada dos nossos “ídolos de barro”, colaboraram para tal quadro. Esqueceram os críticos de exercer um jornalismo de cobrança em cima de técnicos e jogadores. Para dizer o português claro: massagearam demasiadamente

Torvelinho no encontro

 O homem vem andando, o menino ao seu encontro enquanto os outros se esfumaçam. O muro do colégio, esfolado até perder a tinta: lixa grossa de areia e cimento. O sol acentua os sulcos, remexendo na memória. Nomes, um coração dentro do outro, bombas redondas com pavio, paz e amor, davam lugar agora a letras por cima de letras, código de uma nova linguagem, um grupo, uma nova tribo urbana e, em letras de caixa alta e vermelhas: “fuck you”! O homem está no pátio, de cabelos curtos e grisalhos diante do muro. O sol ardente de começo de inverno fervilha as letras e volta; enlaça: o homem rodopia e se enxerga imberbe nos muros. O homem caminha, como marionete entregue ao vento que vasculha o pátio, as salas, corredores. Ele invade as frestas na misteriosa pirâmide do Egito, como os exploradores de Tereza Adélia dos Santos, a conhecida “Dona Tatá”, em História Geral. Aqueles muros da Escola de Primeiro Grau Professor Hugo Miele, na rua Fagundes Varela, Vila Dubus, eram limpos, de um

A fábula fabulosa

Uma única espécie frágil num planeta precário e viveríamos numa fraternidade e paz, ou reverteríamos ao nosso cerne básico e calhorda, agora sem qualquer disfarce? Sempre um cronista do mundo, em algum bate-papo, está falando dele. Por mais que ele dê voltas e dribles, é sempre ele que está ali naquele espaço. Escrever crônica é uma bandeira. É expor-se, dizendo o que a gente pensa e não pensa. Podem ser besteiras, lavar a alma, estender uma mão (ou um doce) para um lado e a outra para o outro. Isso lembra uma menina, e que se chama Gabriela ainda por cima, acho eu, sem ainda a noção exata do que acaba de acontecer com a sociedade brasileira e – duvido, não – mundial. Não sei se o estouro vai ser já, ou a fábula dela vai pegar leve. Eu não sou psicólogo de ofício. Mas, por escrever, quando olho, vejo um lado profissional que dá uma espiada de trivela. É que eu tenho dito aqui estar impressionado com a geração feminina 2000. Essa Gabriela, que é prudentina, pratica Judô e ado

A filosofia de botequim no Sarau Solidário deste sábado

 Boteco, uma tribuna livre que mudou o visual através dos anos A Associação Prudentina de Escritores (APE), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, promove no próximo sábado (16.07) às 19h30, o Sarau Solidário com o tema “Enquanto Isso, no Boteco” . O evento ocorrerá na Sala de Cinema Condessa Filomena Matarazzo, parte integrante do Centro Cultural Matarazzo, na Vila Marcondes. Como de costume, a entrada será 1 quilo de alimento não perecível, que será doado a uma entidade filantrópica de Presidente Prudente. Todo o ambiente típico de um boteco, cantado e exaltado pelo “poeta da Vila Isabel, o Noel Rosa, escritores, cronistas como João do Rio, Sérgio Porto ou Stanislaw Ponte Preta, Rubem Braga, Vinícius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Oto Lara Rezende, Mário Lago, Carlinhos Oliveira, Aldir Blanc, Antônio Alcântara Machado e Mário Prata. Existem vários ensaios e biografias que relacionam a vida de compositores, a exemplo de Mário Lago, Ary Barroso,

Falta de honra e vontade

Seleção está sem chance de ser campeã O empate do jogo Brasil e Paraguai, demonstrou as poucas chances que a nossa seleção tem para chegar às finais. Fica a impressão que os jogadores não veem a hora de voltar ao país para se reunir com familiares e amigos. Tal a falta de entrosamento e vontade de classificar a seleção. Durante a partida, os jogadores passaram correndo na ânsia individual de marcar um gol de placa. Assistimos a uma verdadeira “pelada de timeco ruim e medíocre”, e considero a pior seleção que já enfrentou uma Copa América. No feriado de sábado, a seleção deixou a marca da decadência do futebol brasileiro diante das câmeras de TV do mundo. Tirou a máscara e colocou em xeque os ídolos como Neymar, Pato e Ganso! Continuam as discussões sobre se existe ou não marmelada no futebol. Se há tanta corrupção no universo dos negócios e da política, por que não haveria no futebol? Deve ser raro, mas se for comprovado que alguns jogadores receberam dinheiro para perder, é cas

Alma de pássaro VIII

Sango Airá, que significa São Pedro na língua iorubá da África Ah, meus velhos camaradas! Aonde foram vocês? Onde é que estão aquelas nossas ideias de aurora! Fiquei sozinho? Mas não creio, não, estejam nossas almas separadas! Não constranjo de sentir-me alegre, de amar a vida assim, por mais que ela nos seja um fluxo de vários rios que se encontram no mar caudaloso... do meu romantismo vagabundo. Eu sei que nestes céus de Prudente, É para nós que ainda acredito em São Pedro pedreiro bate o martelo ritmado no chão lançando os mais belos crepúsculos do mundo! ( do livro Cobra de Vidro )

Agenda Matarazzo / Julho de 2011

Literatura (Atividades gratuitas) De 1 a 31, de segunda à sexta-feira Das 8h30 às 20h30 e aos sábados Das 8h30 às 12h30 na Biblioteca Municipal Dr. Abelardo de Cerqueira César Autor do Mês: LYGIA FAGUNDES TELLES (...) "Com a ponta da língua pude sentir a semente apontando sob a polpa. Varei-a. O sumo ácido inundou-me a boca. Cuspia semente: assim queria escrever, indo ao âmago do âmago até atingir a semente resguardada lá no fundo como um feto". (Verde lagarto amarelo) Biblioteca Básica: AS MENINAS    Capa dos anos 90 do romance "As Meninas"             As Meninas trata-se, sem dúvida, do mais importante romance de Lygia Fagundes Telles. Escrita em 1973, o livro resulta do esforço de três anos de trabalho dessa autora perseverante, que valoriza a palavra e mostra, através de seus textos, a luta de todos nós em defesa da liberdade. O texto de Lygia Fagundes Telles não cai na vulgaridade, não se banaliza. Sua linguagem é coloquial e expressiva,

O gibi da minha vida

Capa do graphic novel The Spirit, de Will Eisner Outro dia perguntaram-me qual era o livro da minha vida. Sem pensar muito, hesitando entre Onde Estivestes de Noite , de Clarice Lispector, e Cem Anos de Solidão , de Gabriel García Márquez, respondi: Epifanias , de Caio Fernando Abreu. Mais tarde, pensando melhor, decidi: o livro da minha vida na verdade é O Velho e o Mar , de Ernest Hemingway. Nada me comoveu tanto no cinema quanto aquela obstinada procura do velho pescador Santiago pelo grande peixe no oceano de mistérios e descobertas. É a história de um homem solitário na imensidão do mar, dia e noite, convivendo com suas mágoas, dúvidas, sonhos e pensamentos. Emaranhados de frases que ilustram a luta pela vida, no nebuloso e arriscado oceano, a confiança de um velho em alcançar seus objetivos e vencer seu maior obstáculo, pescar. O livro atingiu profundamente este leitor voraz, e fez com que refletisse sobre os obstáculos e desafios da vida. Então, pensei com meus botões: “

Alma de pássaro VII

 Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar, azul e luminosa, no ar. É preciso o tempo presente para eu te sentir como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida... Que nunca te pareces com o teu retrato... e eu tenho de fechar meus olhos para ver-te! O vento verga as árvores, o vento clamoroso da aurora... Você vem precedida pelos vôos altos, pela marcha lenta das nuvens. Minh´alma é trêmula pela revoada dos pássaros, Eu escancaro amplamente as janelas. Um azul do céu mais alto, do vento a canção mais pura me acordou, num sobressalto, como a outra criatura... Um azul do céu mais alto, do vento a canção mais pura. E agora... este sobressalto... Esta nova criatura! O céu está no beco, o beco está no céu. Foi só ela, a asa do vento, quem me dá! (do livro “Cobra de Vidro”)