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Mostrando postagens de outubro, 2025

Gênero que superou o preconceito (4)

  Sonhos do Carnaval de Di Cavalcanti (Quarta e Última Parte) Uma propaganda dos anos 1950 vendia uma toalha de plástico dizendo: “parece linho, mas é linholene”. Escrever crônicas, principalmente as melhores, parece dos exercícios mais simples. O verbo não posa empáfia, a semântica joga com as palavras curtas, de uso comum, e os personagens não vieram do fabulário grego nem das estátuas romanas, mas de alguma esquina do bairro. Parece simples, parece Linholene, mas é linho puro. O crítico Antônio Candido, que classificava a “ persistência da crônica ” como “ um fenômeno interessante da literatura brasileira ”, viu que havia caroço sofisticado por baixo do angu de Braga e da maravilhosa geração dos anos 1950: “Tanto em Drummond quanto nele (Braga) observamos um traço que não é raro na configuração da moderna crônica brasileira: no estilo, a confluência de uma tradição, digamos clássica, com a prosa modernista. Essa fórmula foi bem manipulada em Minas (onde Rubem Braga viveu alg...

Gênero que superou o preconceito (3)

  Pintura de Di Cavalcanti (Terceira Parte) De início, esses textos que você vai ler não tiravam qualquer onda de se perpetuarem nos almanaques das obras imortais, como é a vontade dos que escrevem um romance. Podiam ser esquecidos no dia seguinte e ninguém ficaria aborrecido com isso. Mas o que fazer se pela qualidade, pelo frescor, pelo tom amigo de conversarem com as gerações seguintes, essas crônicas transcenderam a edição do jornal, continuam atuais e fazendo bonito diante da escrita que evolui? A base de estilo plantada por Alencar e Machado passou pelo frenético andarilho de João do Rio-e-seus-blue-caps-na-belle-époque. Em seguida ganhou formato que ainda se lê hoje com a aparição dos escritores roqueiros de 22. Os modernistas radicalizaram em suas propostas, em romances e poesias, o que já havia nas crônicas desde o início: a vontade de deixar a língua “a fresca”, coloquial, sem medo até, por que não?, de fazer piada. Valorizavam as pequenas cenas e, mesmo em assuntos s...