Sua linguagem, entre a imagem surrealista e poesia,
marcou a sua geração e influenciou outras
José Agrippino de Paula teve sua produção focada nas artes visuais, cinema, literatura e um pouco de música. Este paulistano eclético produziu dramaturgia (O Rito do Amor Selvagem), literatura (Lugar Público, prefaciado por Carlos Heitor Cony, e Madame Estereofônica) e cinema (Hitler Terceiro Mundo), que tem no elenco Jô Soares, O Coisa, com Manoel Domingos no papel título, O Céu sobre Água, com sua esposa e bailarina Maria Ester Stockler e Candomblé no Togo). É o autor de “PanAmérica”, livro citado por Caetano Veloso na música “Sampa”, através do verso "Panamérica de Áfricas utópicas", em “Eu e Ela Encostados na Parede”, no cd Os Doces Bárbaros, além dos livros do próprio Caetano: “Alegria, Alegria” e “Verdade Tropical”. A obra foi lançada em 1967 e é cultuada até hoje. O texto mostra-se tropicalista, uma mistura de personagens - de Marilyn Monroe a Che Guevara, de Karl Marx a Harpo Marx - onde vivem uma aventura bem surrealista que acaba com a destruição do mundo.
Na época, o físico Mario Schenberg classificou Agrippino de Paula como uma das personalidades mais poderosas e significativas daquela geração. Em PanAmérica não há parágrafos, nem travessão e nenhuma introdução sobre os personagens.
José Agrippino de Paula faleceu em 4 de julho de 2007, em sua casa no Embu-SP, aos 69 anos. Em janeiro último, Lucila Meirelles organizou junto com um grupo de intelectuais franceses, a mostra José Agrippino de Paula em Paris, na França. Infelizmente, Agrippino de Paula, o guru pop e tropicalista, caiu no esquecimento da imprensa e do público do Brasil, como tantos artistas incompreendidos, dos anos 80 em diante. Apenas uma revista dirigida e com forte influência do pop, e alguns sites e blogs cults da internet, reviveram toda a trajetória deste artista multifacetado. O cronista Mário Prata citou na crônica “Onde Andará José Agrippino?”, em 1998, e comentários esparsos sobre o cinema de Agrippino do humorista e apresentador Jô Soares, quando entrevista diretores e produtores nacionais.
Abaixo, o link do filme “Passeios no Recanto Silvestre”, de Miriam Chnaiderman com o escritor, dividido em duas partes.
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