Em todo o Brasil
existem menos livrarias estrito sensu
do que em Buenos Aires: pelo que informa a Associação Nacional de Livrarias
(ANL) São Paulo tem 390 livrarias, ou 3,5 livrarias para cada grupo de 100 mil
habitantes. Mas, pelos dados levantados pela entidade, o Brasil tem 3.100
livrarias, se comparando às 734 de Buenos Aires, que oferece 25 livrarias para
cada grupo de 100 mil habitantes, o que derruba o mito antigo da capital
portenha que teria mais livrarias do que o Brasil. Uma informação curiosa de um
consultor argentino que monitora a produção editorial, as livrarias
independentes têm um papel fundamental no mercado livreiro portenho. Por esse
motivo algumas editoras tentaram explorar há 35 anos e com resultados
insatisfatórios nos dias atuais, alternativas como a venda em bancas. Existem
outros locais autorizados para a venda de livros, como supermercados,
farmácias, lojas de departamentos e postos de gasolina, o número de pontos de
venda em potencial saltou espetacularmente para mais de 18 mil.
Num país de dimensões
continentais como o Brasil, tais pontos surgem como excelente alternativa para
a colocação dos 12 mil títulos, lançados nacionalmente todos os anos. Pela
estatística levantada, em 2017, os livros que prevaleceram na lista de vendas
são os de gênero autoajuda, reflexões sobre a depressão, a ansiedade, entre
outros males dos corpos espiritual e físico, depoimentos, na sequência, os
religiosos editados por padres católicos e por pastores evangélicos, voyeurismo
mesclado com erotismo e sadomasoquismo. Entretanto, ainda há procura pelos
livros de ficção, relacionando os impactos emocional e físico de jovens
adolescentes com doenças degenerativas, além das tradicionais histórias
clássicas juvenis de jornada poética e filosófica. Existem escritores que
utilizam o sistema de cooperativa que os investidores recebem o livro de acordo
com a cota de participação, entre outras formas bem mais modernas, práticas e
amoldadas à atual situação econômica. Mas há editoras que possuem o maior know-how na área de distribuição na
internet e nas redes sociais. Além disso, adotam outros sistemas como a mala
direta e a venda através de dispositivos móveis, a exemplo do smartphone e do tablet, sem esquecer das parcerias.
Nas bancas ainda se
usa, de edição limitada, livretos com adaptações de clássicos da literatura para
o cinema, de biografia de cantores e gêneros musicais, como compositores da
música popular brasileira, o jazz, as divas do cinema, de pensadores, de
economistas, entre outros. Quanto aos livros, permanecem no máximo 15 dias nas
bancas e, devido ao seu médio custo, e as tiragens limitadas, suas vendas
diminuíram. Devido ao crescimento dos alfarrábios (sebos) e suas vendas on line, que pulverizam pelo país todo,
acabam atingindo o leitor, que de outra forma não teria acesso aos livros. Alternativa
em desenvolvimento é a venda de livros em catálogos de produtos de beleza, de
porta em porta. Este canal de comércio tem um sistema de revendedores autônomos,
sem despesas fiscais, trabalhistas e sindicais, que utilizam como material
promocional o catálogo impresso. Mas, se o canal de venda em porta em porta e a
internet vão bem, os livreiros têm muitas reclamações a fazer. Alem de
enfrentarem a competição com dispositivos móveis, clipes no YouTube, lojas de
departamento em hipermercados, conveniência nos postos de combustíveis,
lamentam a concorrência desleal que é feita pelas escolas. Se toda a
comercialização dos livros didáticos fosse feita exclusivamente por livrarias, acreditam
eles, o setor teria aumentado o seu potencial de mercado em mais de 50 por
cento. Além desse problema, os livreiros estão enfrentando prazos cada vez mais
curtos de pagamento. Isso porque, com os atuais índices de inflação, é muito
difícil projetar um preço para o livro.
Já o distribuidor
reclama para o enorme feixe de atividades que deve cumprir com a margem de
lucro pelo editor (já a do livreiro, dependendo do volume de compra gira em
torno de 30 a 40 por cento). Com tal margem o distribuidor arca com o desconto
para o livreiro, as despesas com seus vendedores que percorrem de norte a sul o
país, eventualmente algum material promocional, e mais as despesas de embalagem,
de cobrança ou transporte. Mas apesar disso, a situação só vai melhorar mesmo
para escritores, livreiros, editoras e distribuidoras quando a população for
alfabetizada, tendo como mola propulsora uma política que favoreça a geração de
empregos junto ao aumento de salário, automaticamente elevando o poder
aquisitivo, a autoestima, a educação e a cultura do cidadão brasileiro.
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