Fahrenheit 451 de Ray Bradbury é um clássico das distopias
do século 20. O escritor criou um mundo que, a princípio, parece impensável mas,
aos poucos, vamos percebendo o quão próximo estamos de algumas situações
descritas.
Publicado em 1953, o
livro retrata um mundo a partir de 1990 – ou seja, o que conhecemos hoje. Um
mundo na ficção com pessoas alienadas que falavam apenas de “marcas de carros
ou roupas ou piscinas.” (oh!!! espere aí…) O fato é que uma vida sem livros
deixou as pessoas sem base para criar ideias, sem assuntos para conversas, sem
motivos para interagirem. Entretanto, existe um pequeno grupo conservando e
divulgando pequenas bibliotecas às escondidas. O devaneio, a poesia, a filosofia
e a ficção foram extintos porque não se admite perder tempo com algo que, em
vez de puro entretenimento, ofereça inquietação e angústia
O conceito da
história podia parecer absurdo em 1953 – a ponto de ser classificado como
ficção científica – mas hoje, não acredito que isso esteja tão distante,
lamentavelmente. No livro, o constante pavor do silêncio levou a população a
manter a televisão ligada e o cérebro plugado na programação. É como hoje onde
quase tudo que existe para nos conectar também acaba nos distraindo do mais
importante: pensar e analisar o tanto de informação que temos.
Mas a redução das ideias
ao binarismo, o desprezo ao intelectual, o fluxo de informações num nível
inassimilável fizeram da ficção científica de Bradbury, um gênero bem mais
próximo do realismo.
Em tempo de trevas, junto aos grupos resistentes ao pensamento único,
além da crise das instituições, Fahrenheit
451
retrata uma sociedade anestesiada, que abandonou o pensamento independente, a
interação com os outros e o próprio mundo natural. Sua visão de tecnologia
aliada ao desejo humano de progredir - levando à nossa degradação - é um tema
controverso que permanece relevante até hoje.
Comentários
Postar um comentário