A publicação de
“Arquipélago Gulag”, de Alexandre Soljenítsin, em Paris, em dezembro de 1973,
no original russo, abalou a opinião pública mundial. Pela primeira vez,
tinha-se um relato completo, documentado, de episódios vividos entre 1918 e
1956, na imensa rede de campos de trabalho soviéticos por onde passaram, na
opinião do autor, cerca de 66 milhões de pessoas.
Os desesperados
prisioneiros do regime viviam em “ilhas”, tão numerosas que formavam um
arquipélago, e todo esse sistema era administrado pelo departamento Gulag
(Administração Geral dos Campos). Na sua tese central, o livro sustenta que as
prisões em massa, os julgamentos iníquos e as execuções secretas fizeram parte
do Estado soviético desde a sua consolidação em 1918, não sendo apenas uma
criação posterior e arbitrária de Stálin.
Em consequência, o
escritor dissidente Alexandre Soljenítsin foi expulso da União Soviética, com
toda a sua obra proibida. Era o último ato de um longo drama, que teve como um
dos capítulos mais trágicos o suicídio de uma amiga, Elizavieta Voroniánskaia,
que havia revelado a polícia russa onde se encontrava o original de
“Arquipélago Gulag”. Depois disso, quietamente, matou-se.
Soljenítsin decidiu
então permitir, na França, a publicação do livro escrito com base em suas
experiências como prisioneiro em campos de trabalhos forçados, na Rússia de
Stálin, e em depoimentos de outros duzentos e vinte e sete ex-detentos.
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