Pintura de Sérgio Rodriguez
Salve, reino dos homens:
todo o peso celeste
dos propagandistas fariseus,
suportam no ermo de suas palavras
toda a carga terrestre
Carregam de fogo exaltado os discursos
como fossem cascos lacerados
lixa as cartilagens das almas
de palavras rimadas e furtivas,
nos cartões coloridos com que iludem
teu negrume matizado,
Eles dizem que não sou obediente à cerimônia
Eles dizem que não sou piedoso
Eles dizem que não sou caridoso
E nem sei arrebanhar as ovelhas,
nem ser emocional que nem pastor
para tocar o extremo
da alma e da condição humana,
as senhoras e os homens
incorporam-se num sopro
para trazer o espírito do presépio,
o senso da escultura fria
das bocas mortas
As várias condições são por onde se atropela
essa ânsia do riso na boca adormecida
Agora se apascenta
à sombra da mesa dos comensais
parece um deserto vermelho
o batom que adorna suas bocas
palavras secas e ocas fogem da Terra
devastada pelo gelo antigo do medo
ruindo às pontes perdidas de fraternidade
nas suas vagas sombras.
Este é o sabor
Isto é o que se oferece à delicadeza arranjada
das mensagens indigestas de Natal e Ano Novo
este é o árido mar em que os ramos não servem
este é afinal tão diferente dos sonhos
este é o vento que resta para os ventos da ressaca
este é o clima destemperado, mas já sem especiarias
como são tão amargas as uvas, as nozes e as castanhas
tão claras em seu papel de enfeite,
esta é a ponte passadiça do Natal e do Ano Novo
que se passa passado.
Hoje, posso olhar o avesso, ao ouvir as caridades
odiosas e indigestas dos samaritanos,
como o escorpião que injeta no
seu braço, este é o sabor
do vinho azedo jorrado,
seco choque na porta de suas tripas
nesse infernal presépio vazio e maluco
seu braço, este é o sabor
do vinho azedo jorrado,
seco choque na porta de suas tripas
nesse infernal presépio vazio e maluco
que azucrina e me faz escavar,
raspando as estrelas derrubadas.
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