O excesso de cobrança junto à
correria em cumprir prazos de entrega e a mania criada por um grupo de
indivíduos que a tecnologia digital veio para melhorar e dinamizar o trabalho
braçal em geral. Estas, entre outras características da atual sociedade de
massas manipulada pelo marketing, contribuíram para confundir a ideia dos pais
e, acrescenta-se na questão, a grande ansiedade gerada pelo alto senso de
precaução e zelo proporcionada pelas indústrias da doença, da psicanálise, dos
meios de comunicação, ambos manipulados pelos interesses financeiros das
multinacionais farmacológicas. Dentro deste vivenciado tanto pelo educador como
a instituição escola sente-se fora de sincronia e sintonia pela mudança de
hábitos, costumes e valores. Onde os pais, por uma necessidade de manter o
equilíbrio do lar e da família, assumem muitos compromissos e acabam esquecendo
da base fundamental, que seria a educação e o acompanhamento dos filhos. A
carga pesada no nível de preocupação acompanhada dos cansaços físico e mental,
da insônia, a queda de alimentação balanceada e complementando o aumento de
horas-aula para que mantenha um padrão razoável de vida, trouxe o estresse que
acarreta na falta de paciência, de concentração e disposição para a atualização
profissional constante.
Consequentemente, assistimos à
transferência de responsabilidade dos pais à escola e aos professores, pois
hoje em dia os educandários e as creches tornaram-se uma extensão de suas
residências (famílias). Vivemos na era dos extremos, em razão do volume de
informações, entretenimento, além disso, o bombardeio frenético das propagandas
de consumo, da cultura do medo, fatores e estímulos que tornam as ideias confusas
na cabeça e a sensação desoladora proporcionada pela crise e falência das grandes
instituições prevista por Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do século XIX.*
O conceito de família sofreu
alterações desde as últimas décadas. Tradicionalmente, a palavra família era
automaticamente associada à ideia do grupo constituído por pai, mãe e filhos. Atualmente, porém, esse conceito foi
ampliado, e podemos entender por família pessoas que moram em uma mesma casa,
mantendo-se ligados por um relacionamento afetivo ou pelo grau de parentesco.
A escola, por sua vez, enquanto um
sistema de ensino que tem por objetivo capacitar e preparar os alunos para
exercer o papel de cidadãos, também está sujeita às influências políticas e
sociais de cada época. Sendo assim, o pedagogo, ao lado da psicopedagogia,
estaria atuando diretamente com a função de detectar os principais problemas de
aprendizagem que afetam o aluno, mas não é só isso. Dentro desta perspectiva
com que refletimos constantemente, o pedagogo junto ao psicopedagogo estariam
também mais próximos das relações interpessoais da escola e das mediações entre
as famílias, ou seja, a comunidade que está presente nestes espaços de
aprendizagem através dos seus filhos.
Primeiramente, o educador deve
desenvolver um trabalho em parceria com o colega psicopedagogo, pois a palavra
Psicopedagogia refere-se a um saber existencial, às condições subjetivas e
relacionais, especialmente à família e à escola. Semelhante ao psicopedagogo,
temos que compreender o processo de aprendizagem, de caráter interdisciplinar,
uma vez que possui seu próprio objeto. Assim, mostra a sua ambiguidade tanto da
palavra como ao que se reporta. Sistematiza um corpo teórico, definindo seu
objeto de estudo e delimitando seu campo de atuação.
Avaliar as dificuldades humanas é
muito complexo, pois exige compreensão, estudo e pesquisa sobre a aprendizagem.
Além dos fatores múltiplos envolvidos neste processo. Uma vez que a
aprendizagem decorre de uma construção, processo que leva ao questionamento,
pesquisas e a diagnóstico, podendo levar ao tratamento e prevenção das
dificuldades na aprendizagem.
Dessa forma, ao se desenvolver um
olhar e uma escuta para com a singularidade do sujeito, é preciso que este seja
acompanhado em seu movimento de construção de conhecimento, podendo ser
observada a emergência de questões referente ao processo de aprendizagem,
visando trabalhar as dificuldades que permeiam esse processo e demandas,
principalmente, resgatar a relação com o conhecimento. Apresentando a prevenção
e devolutiva, ou seja, o gênio do conhecimento, percorrendo os movimentos de
construção da inteligência enquanto sujeito.
Além disso, estes profissionais
podem exercer importante contribuição no que diz respeito à construção
metodológica em forma de orientação ou capacitações de acordo com as
características dos grupos. Enfim, existem muitas possibilidades de estar
atuando como prevenção, orientação e formação.
Dentro deste raciocínio, é de suma
importância pensarmos que, tanto o pedagogo como o psicopedagogo, os pais, os
familiares, a comunidade, entre outros agentes envolvidos no processo, deverão
fazer a criança enfrentar a escola de hoje, reivindicando melhorias em todos os
aspectos e não a de amanhã. Esse enfrentamento, no entanto, não significaria
impor à criança normas arbitrárias ou lhe sufocar a individualidade. Como
educadores, busquemos sempre desenvolver e expandir a personalidade do
indivíduo, favorecendo as suas iniciativas pessoais, suscitando os seus
interesses, respeitando os seus gostos, propondo e não impondo atividades,
procurando sugerir pelo menos duas vias para a escolha do rumo a ser tomado,
permitindo a opção.
E nesse caminho inserido sempre num
processo de ação e reflexão sobre a prática, desenvolvendo o espírito crítico
em relação à sociedade em que vivemos, que podemos acenar novos caminhos para a
educação e ressaltar que a questão do vínculo ganha especial relevância, à
medida que denota a importância da natureza das relações que o indivíduo
estabelece consigo mesmo e com o meio no qual se insere e com o conhecimento.
Tais relações parecem ter influência significativa na determinação do sucesso
ou do fracasso escolar. Apesar do professor trabalhar especificamente com
conteúdos escolares e formas, acredito que devemos procurar resgatar o prazer
em aprender, não para a escola ou para a família, mas unindo arte-educação para
a vida da criança. A estrutura operacional, os contextos econômico e social, a
correria pela sobrevivência na sociedade, a visível e latente desigualdade
social, os educadores e a didática clamam por uma reforma ampla e irrestrita no
ensino do Brasil!
Referência
Bibliográfica:
*NIETZSCHE,
Friedrich. Assim Falou Zaratustra (Also Sprach Zarathustra) - Um Livro para
Todos e para Ninguém. Tradução de Paulo César de Souza. 360 Páginas. Editora
Companhia das Letras, ISBN 9788535919998, São Paulo, 2012.
Coleção
Os Pensadores, Volume 6 - Considerações Extemporâneas ou Considerações
Intempestivas (Unzeitgemässe Betrachtungen, 1873 a 1876). – 3º artigo: “Schopenhauer
como Educador” (Schopenhauer als Erzieher, 1874), Obras Incompletas, seleção de
textos de Gérard Lebrun, tradução e notas: Rubens Rodrigues Torres Filho, posfácio
de Antônio Candido, página 53 a 79. Nova Cultural (Abril Cultural), 3ª edição, São
Paulo, 1983.
Artigo publicado também no portal Blocos On Line, de Leila Míccolis e Urhacy Faustino, em 4 de novembro de 2014, de Maricá, no Rio de Janeiro. Clique e acesse o link da página:
http://www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/temdomes/2014/10/mestrelivro/tempro07.php
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