A
alma inteira se encerra
como
a memória das águas,
no
que, nas tempestades,
entreabre-se
das margens dos rios, das praias,
seja
nas dunas até as areias dos abismos.
Algo
de vertiginoso se desprendia
daquelas
existências amontoadas,
inundando
abundantemente,
como
se as cem mil almas
que
lá palpitam tivessem
enviado,
ao mesmo tempo,
o
vapor das paixões e da vida
que
nelas supunham.
Aumenta
diante do espaço
e
se enche de tumulto ao ouvir
o
vago burburinho que sobe,
derrama
para fora, sobre as praças,
os
passeios, as ruas
e
a velha cidade normanda
estende-se
aos olhos como uma capital,
imensa,
como uma Babilônia,
na
qual entram chiando as pedras
nas
poças de lama podre e crostas verdes,
entre
as longas valas negras
e
cheias de moscas varejeiras,
vê-se
a linha de terra amarela, ia
estreitando
no horizonte.
Enfim,
as palafitas e as favelas
fazem-se
mais próximas
a
terra ecoa sob as rodas,
via-se
pelas grades das pontes
as
baratas, as formigas, os ratos e as pessoas
zumbiam
desnorteadas dos bueiros estufas,
pois
não sabem onde está o marco
de
referência da cidade, sem noção exata
da
distância a percorrer.
As
casas, os prédios e os condomínios
fazem-se
mais próximos, à terra, ao chão
ecoam
pelo carro azul correndo
entre
pedras, terras onde se viam os desertos.
Depois,
de repente, a cidade inteira aparece.
descendo
em galerias turvas, alarga-se
além
das pontes, confusa.
O
deserto aberto sobe outra vez,
em
seguida, com um movimento
monótono,
até tocar, ao longe,
a
base indecisa do céu pálido.
Vista
do alto, a paisagem inteira
tem
um ar imóvel como uma pintura;
os
carros enferrujados, os móveis e o lixo
ancorados
acumulam-se de um lado;
o
rio seco e oblíquo arredonda
pelos
traços desiguais da erosão e das crateras.
As
chaminés das fábricas lançam
imensos
penachos escuros
cujos
extremos se perdem no voo.
Ouve-se
o ronco igual ao das fundições
erguendo-se
na bruma
galhos
de árvores sem folhas
móveis
arrastando no meio das casas
e
telhados reluzentes, de chuvas faíscam
de
forma desigual segundo a altitude dos bairros,
entrecortados
pelo pé de vento
que
leva embora as nuvens;
como
ondas aéreas que se quebram
em
silêncio contra um penhasco.
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