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Alunos conversaram sobre Haicai




Projeto visa difundir a cultura japonesa e o Haicai








No aspecto figurativo, assemelha-se à câmera digital
que registra o instante fotográfico






No final da conversa, junto a professora de língua portuguesa e os alunos






Os alunos do 3º ano do ensino médio criaram haicais após o bate-papo









Para escritor, ainda se faz necessário um estudo
mais aprofundado sobre o gênero











            Encerrando a 1ª edição do projeto Sensibilizando através do poema Haicai, uma atividade que valoriza e resgata a memória da cultura japonesa, os alunos do 3º ano do ensino médio, da Escola Estadual Fernando Costa, de Presidente Prudente, ouviram o relato sobre o estudo, a dedicação e a perseverança de Rubens Shirassu Júnior, 54 anos, revisor de textos, escritor, poeta e vice-presidente da Associação Prudentina de Escritores (APE), membro da Academia Venceslauense de Letras (AVL) em que ocupa a cadeira 25, de Monteiro Lobato, e um dos poucos haicaístas da cidade, conforme registro no banco de dados da Biblioteca Dr. Abelardo de Cerqueira César, do Centro Cultural Matarazzo.
            A ação docente organizada e desenvolvida por Nilce Aparecida Moreira, professora de língua portuguesa, envolveu 130 alunos que compõem as quatro salas do terceiro ano do ensino médio e se iniciou às 10 horas, da manhã, da última segunda-feira (16.11.2015). “Posso definir o haicai como sendo um poema que procura registrar um acontecimento particular, uma impressão, um drama, uma paisagem, referindo-se ao agora do poeta, de forma simples e com sentido completo. No aspecto figurativo, assemelha-se à câmera digital que registra o instante fotográfico.” – declara Shirassu Júnior. Ele prossegue acrescentando nomes de grandes poetas do Brasil e do exterior que escreviam e estudavam o haicai, a exemplo de Guilherme de Almeida, Millôr Fernandes, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Octavio Paz, os irmãos tradutores Augusto e Haroldo de Campos, Olga Savary, Claudio Feldman, “e fugindo do rigor da formalidade, a poeta Helena Kolody, de Curitiba, na década de 80 adotou o tanka, poema de sete linhas, onde o autor mostra a subjetividade e as emoções que sente à flor da pele e, ainda podemos acrescentar título no mesmo. O que não é permitido no haicai.” – complementa.
            Dentro do bate-papo, comentou sobre cinco haicais de seu livro anterior “Cobra de Vidro” e nove pequenos poemas de KamiQuase Haicais, lançado em outubro no Salão do Livro. Os temas dos textos: o ser humano sempre estará à procura de algo perdido em algum lugar. Em razão do ter mais do que ser, consequentemente, sente o vazio existencial junto à carência do espiritual ou a sua essência perdida. Entretanto, busca externamente e nas coisas grandes, quando não raro, a resposta aos seus questionamentos que pode estar dentro de si e é uma pequena particularidade inerente aos seus dogmas, ao seu modo de vida, às suas atitudes diárias ou mesmo aos seus incontidos medos. Quem é que entende as pessoas? Elas são enigmáticas, contraditórias e confusas o tempo todo.” - afirma.
            Para o haicaísta, “apesar de existir a opinião de que, de um modo geral, o haicai está marginalizado em meio a uma restrita elite literária brasileira, percebe-se que poetas se enveredam por suas trilhas. No entanto, ainda se faz necessário um estudo mais aprofundado sobre o gênero, pois o que existe são apenas referências históricas e ligeiras pinceladas nos blogs literários com comentários a respeito dos trabalhos de alguns haicaístas brasileiros”.
            Complementa, ainda, em seu bate-papo explicando o desafio e as dificuldades dos escritores e poetas, a exemplo da formação de público leitor, a divulgação ao elaborar releases e notas para a imprensa em geral, o uso das ferramentas complementares, no caso específico, as redes sociais da internet e os dispositivos móveis, como os smartphones, iphones, tablets, no caso específico dos escritores acima da faixa dos 35 anos, entre outras coisas.







PROJETO SENSIBILIZANDO ATRAVÉS DO POEMA HAICAI
Rubens Shirassu Júnior
Dia: 16 (segunda-feira) de novembro de 2015
Horário: Às 10 horas da manhã
Tema: Propagar a cultura japonesa e o Haicai
Público-Alvo: Alunos do Ensino Médio
Promoção: Escola Estadual Fernando Costa
Avenida Presidente Washington Luiz, Nº 672
Centro
19015-150 - Presidente Prudente - São Paulo










            

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