Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Hélio Pellegrino e Otto Lara Resende
O interessante é o modo informal como aconteciam esses encontros
De simples
bate-papo entre um leitor necessitado e um bibliófilo hospitaleiro, cujos
interesses se cruzaram certo dia, “o Sabadoyle” acabou por se tornar a
“instituição nacional” que todos conhecem. O leitor era Carlos Drummond de
Andrade e o colecionador de livros raros, era Plínio Doyle. O primeiro encontro
se deu na casa deste, numa tarde de sábado de 1964. Depois, foram chegando os
amigos de um e de outro, levados por motivos vários, mas nenhum maior que o
desejo da boa prosa, principalmente sobre literatura. Embora permanecesse
informal, a reunião foi se organizando cada vez mais – ganhou nome e, a partir
de 1972, o registro em ata. Não uma reles ata burocrática, feita por rábula ou
olheiro ocasional. Antes, páginas literárias concebidas com zelo e inventiva
crescentes e assinadas por confrades do peso de Pedro Nava, Alphonsus de
Guimarães Filho, Joaquim Nojosa, Gilberto Mendonça Telles, Lygia Fagundes
Telles, Drummond, Homero Homem... Essas atas foram lavradas de próprio punho em
grandes volumes e algumas chegaram à forma impressa, quer pela importância do
fato e da data que registravam. Caso em que geralmente se enquadraram as atas
comemorativas de aniversários. O interessante é o modo informal como aconteciam
esses encontros ou reuniões, podia ser num bar, numa casa ou apartamento. Essas
figuras ilustres encaravam a arte com convicção, humildade e união, sem a
arrogância, sem o “egocentrismo” que predomina no mundo das artes hoje. As
coisas aconteciam num ritmo brando e fluindo como um rio.
No plano profissional, alguns
poetas, escritores e músicos forma porta sempre aberta a quem queria penetrar
no mundo das letras – davam apoio e sacudiam nos estímulos aos estreantes. De
Marcos Rey sou testemunha abalizada. Com os veteranos seus colegas, a marca é a
da fidelidade. Mas, o centro de suas atenções são as gerações mais jovens, o
público que incorporou “Sozinha no Mundo” e “O Mistério do Sete Estrelas” a sua
leitura de cabeceira. Com esses livros, o escritor paulista transpôs o universo
adolescente numa linguagem clara e objetiva, com instantes poéticos e sinceros,
conseguiu a proeza de alcançar um bom índice de vendas, ainda na década de 80.
E, o que é mais significativo, com o aplauso e aval da crítica. Como era de seu
estilo, Marcos Rey nunca se furtou aos inúmeros convites para bate-papos e
palestras nas escolas, que daí resultaram: investiu no adolescente com tanta
esperança, em vez de instalar-se comodamente na poltrona da aposentadoria, de
descansar, enfim, sobre os louros de uma carreira humana e literária bem feita.
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