Depois de todos os encantos idos,
lhes chega a tormenta,
em vôo silencioso
Coruja triste que só faz o pouso
no oco dos velhos
troncos corroídos
Oh! O silêncio de sala de estar, espera
Onde esses pobres, guarda-chuvas
lentamente escorrem...
Não traz venturas, certamente
Mas dá grande desconforto...
E em verdade pergunto:
Onde está o calor das coisas
na rua, ao desabrigo
Tu verás que tudo é sombra vã,
Tênue fumo que a morte assopra
num momento da agitação
da vida.
Uma canção que não tem sentido,
como não tem sido a brisa,
nem a vida...
Perdido, perplexo diante do cinema
projetado em teus olhos mudos,
imagens que desfiam a tua carne com dentes
cinza chumbo, Imagem doméstica
do gato, que mora no mundo
para sempre
por entre antigos retratos de parede
Os teus olhos conseguem ficar
longo tempo abstratos
às vezes, você fixa os objetos,
obstinados
porque eles se desumanizam de todo.
Vestes de trevas e vidrilhos
cabeleira trágica, olheiras suspeitas
O grito horizontal da boca
surgiu da noite e
sumiu pela última portas as suas
lentes abismais
Por que crias a figura do lascivo,
essa fatal doçura?
E faz do bem um fruto amargo
e indesejado?
na inquietação feliz do purgatório mental,
no eclipse do mundo,
negros galhos que abrem sob a chuva.
(do livro “Cobra de Vidro”)
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