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O PNC e o Campo Cultural















            Surge a oportunidade de elaborar os planos municipal, estadual e nacional de cultura para posteriormente os produtores, estudantes de letras, pesquisadores, entre outros, possam ter um direcionamento e subsídios a respeito da história e da memória de Presidente Prudente. Espera-se, dentre as iniciativas, a dedicação, a determinação e o comprometimento com a causa e a classe dos atores sociais. Um trabalho que envolve um acompanhamento externo para que não prevaleçam os interesses de políticos, partidários e de grupos minoritários.
            Pela falta de informação dos atores sociais (artistas, criadores, intelectuais, intermediários e gestores), necessita-se promover um curso sobre o Plano Nacional de Cultural (PNC) conforme o realizado em parceria entre Serviço Nacional do Comércio (SENAC) de Brasília e o Ministério da Cultura, em setembro do ano passado. Este projeto facilitará a compreensão do mecanismo dos planos municipal, estadual e nacional, de cada etapa a ser alcançada e seus respectivos eixos.
            É preciso haver compreensão sobre o campo da produção cultural, composto pelo conjunto de práticas, instituições e atores sociais (artistas, criadores, intelectuais, intermediários, gestores) que lhe conferem complexidade na sua configuração e, portanto, torna-se um desafio descrevê-lo sem correr o risco de cometer imprecisões. No que se refere à difusão, divulgação e transmissão o setor carece de plano para conscientizar os professores e os comunicadores (jornalistas, articulistas, repórteres e radialistas), para que os mesmos saibam difundir a cultura. Sem o apoio destas duas classes, formadoras de opinião, o acesso aos bens culturais estará prejudicado, impactando diretamente no processo de democratização da cultura.
            O campo cultural, essencialmente complexo e dinâmico, na contemporaneidade sua complexidade está crescendo em virtude das profundas transformações que a sociedade vem enfrentando, principalmente no que se refere às inovações tecnológicas da informação e da comunicação. Se antes o campo da cultura estava identificado em maior medida às expressões artísticas e ao patrimônio, com o advento das novas tecnologias, sobretudo, presencia-se uma expansão de novas formas de produção cultural, tornando suas fronteiras de atuação mais abrangentes e fluidas. Tal cenário impõe novas demandas e, por consequência, exige atualização do perfil dos gestores culturais que agora terão que lidar com novas questões, próprias de um tempo marcado por constantes transformações tecnológicas. Desse modo, o gestor cultural terá que estar preparado para lidar com temas emergentes, tais como: propriedade intelectual, direitos autorais, patenteamento dos saberes tradicionais e a biopirataria, só para citar alguns deles mais diretamente ligados ao impacto das novas tecnologias.
            Diante do exposto, depreende-se que aos gestores culturais impõe-se a necessidade de novos padrões de formação profissional a fim de enfrentar os desafios impostos pela nova dinâmica do setor cultural que alarga seus horizontes e exige novas formas de atuação profissional.
            Só mais recentemente o tema das políticas culturais começa a ganhar relevância e passa a se tornar cada vez mais instrumento de investimentos tanto por instituições públicas como pela iniciativa privada.


Objetivo


            O Plano Nacional de Cultura (PNC) tem por finalidade o planejamento e implementação de políticas públicas de longo prazo (até 2020) voltadas à proteção e promoção da diversidade cultural brasileira. Os objetivos do PNC são: o fortalecimento institucional e a definição de políticas públicas que assegurem o direito constitucional à cultura; a proteção e promoção do patrimônio e da diversidade étnica, artística e cultural; a ampliação do acesso à produção e fruição da cultura em todo o território; a inserção da cultura em modelos sustentáveis de desenvolvimento socioeconômico e o estabelecimento de um sistema público e participativo de gestão, acompanhamento e avaliação das políticas culturais.  
            O PNC, um importante instrumento de gestão, poderá abrir caminhos para a concretização do Sistema Nacional de Cultura, com a efetiva integração de fóruns, conselhos e outras instâncias de participação federais, estaduais e municipais e promoverá a constante atualização dos instrumentos de regulação das atividades e serviços culturais, assim como sinalizará critérios e perspectivas aos sistemas de financiamento e de execução das políticas públicas de apoio à cultura.







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