Beco do Aprendiz de Klauss Schramm
“Que
importa a paisagem, a Glória, a baia, a linha do horizonte? – O que eu vejo é o
beco.”
Manuel Bandeira
De apenas
dois versos, sem o rigor do dístico latino, cheio de elipses mentais, o Poema do Beco, de Manuel Bandeira, é uma
das mais simples declarações a respeito da importância do posto de observação
do poeta, da sua condição essencial de olhar, da sua valoração peculiar despendida
às coisas olhadas. Para Bandeira, o seu ponto de vista, ainda que não
corresponda absolutamente às imagens de cartão postal, mesmo que se resuma à
circunstância estreita, lodosa e pardacenta do beco, é o que lhe preenche, o
que significa, o que lhe permite ver, criar, transcender poeticamente o espaço,
descobrir amplidão na estreiteza, riqueza na banalidade, erudição no saber
popular.
Na poesia bandeiriana, o sujeito – e
o olhar – fazem-se amplos, na preconizada estreiteza e obliquidade do beco, no
caso, reduto dos escritores e poetas de Presidente Prudente, na circunstância existencial
e os contextos culturais, econômicos e sociais que vivenciam, associando-se ao
tema do Sarau Solidário. Reduzir o beco apenas à sua condição de estreiteza é
tão redutor quanto inserir Pasárgada no plano da utopia. Ocorre que ambas são
metáforas espaciais que falam menos de aperto e evasão e, muito mais, de
abrangência, libertinagem, alumbramento; e sugerem, portanto, a amplitude de um
ponto de vista peculiar, o alargamento do campo de visão cuja miopia, conforme
já dito aqui, é eficiência e não deficiência.
O uso da metáfora sobre a vida
estreita e limitada na imagem do beco, torna a poesia libertina de Bandeira a
aceitação da própria situação integrada e marginal, conforme e desregrada,
incisiva e afetuosa, e que não se exila de um espaço que intui-institui por
direito e exercício. E, por isso, promove a dissolução dos ritmos, absorve a
língua certa, língua errada do povo uma poética em que a mancha no brim/papel é
mais uma proposta e uma bem-vinda circunstância da vida.
SARAU
SOLIDÁRIO “NO BECO COM OS AMIGOS”
Realização: Associação Prudentina de
Escritores (APE)
Centro
Cultural Matarazzo
no Boulevard Os Sombras e Os
Temperamentais
Dia 17 (Sábado)
Horário: Às 19h30,
Rua Quintino Bocaiúva, Nº 749
Vila Marcondes
Presidente Prudente - São Paulo
Mais Informações:
Fone:
(***18) 3906 – 1168
A/C.
de Carlos Freixo ou Eveli
e
3226 - 3399
centroculturalmatarazzo@culturapp.com.br
biblioteca@presidenteprudente.sp.gov.br
Texto publicado no blog da APE em 15 de janeiro de 2015.
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