O jornalismo crítico junto à reflexão psicanalítica no
Brasil tem contribuído para elucidar algumas questões, verdadeiros enigmas que
pareceriam, tal a capacidade infinita deste doente em piorar, sem que se vislumbre
um
diagnóstico confiável
Em alguns pontos os
pensadores, os jornalistas, os sociólogos, geógrafos, os escritores e
psicanalistas concordam: Presidente Prudente e o Brasil estão doentes. Os
cidadãos prudentinos e os brasileiros têm, a qualquer custo, que reconstituir
sua cidadania, seus valores morais, éticos, políticos e sociais.
O jornalismo do
jornal mensal Pio-Pardo, mesmo
ciente de seus limites, tem uma contribuição a dar neste momento atormentado e
turbulento pela qual passa a sociedade local e brasileira: um mal-estar típico
das civilizações ocidentais, mas que aqui tem “grife” própria, suas
complicações peculiares e, sobretudo, sua lógica tropical. Sem cair na
armadilha de um discurso individualista, que veria na doença geral nada mais do
que a somatória das doenças individuais, e na crise mais ampla uma simples
decadência de valores éticos ou morais, o jornalismo crítico junto à reflexão
psicanalítica no Brasil tem contribuído para elucidar algumas questões,
verdadeiros enigmas que pareceriam, tal a capacidade infinita deste doente em
piorar, sem que se vislumbre um diagnóstico confiável.
Para auxiliar na
escuta e na observação deste imenso inconsciente atormentado e desequilibrado,
o Pio-Pardo traz na edição de número
55, de julho, alguns expoentes do pensamento sociológico, histórico, jurídico,
arquitetônico e literário de Presidente Prudente: na matéria Nosso Conservatório Musical, Zelmo
Denari, discorre sobre o renascimento do centro de formação ou escola das artes
Jupyra Cunha Marcondes que, entre outros problemas, não atinge a condição
mínima de salubridade do espaço coletivo, além da segurança: Suas salas de aula
sem janelas, nem as de instrumento individual e de teoria musical, observados
pelo Ministério Público que abriu inquérito civil a respeito, item Cultura,
página 12. O articulista e professor de uma universidade estadual José Roberto
Fernandes Castilho, na matéria As
calçadas da Prefeitura, expõe sobre a falta de rastreamento da Prefeitura quanto
aos fiscais, o que não corrige e nem pune os mesmos demonstrando o absurdo,
como as bilheterias do estádio Prudentão, em sequência, a calçada do antigo
Clube de Química, uma extensão da escola estadual Fernando Costa, um prédio
abandonado e deteriorado, totalmente destruído e desnivelado, representando um
perigo aos transeuntes, a exemplo de crianças, deficientes físicos, gestantes e
a Terceira Idade (Melhor Idade), refletindo um perigo para quem transita na
Avenida Coronel José Soares Marcondes, centro, complementam o quadro deprimente
os bancos quebrados das praças da catedral item Absurdos Urbanísticos, página
8.
Como escritor, poeta
e pedagogo, na resenha Redescobrindo o
Brasil, sobre o livro “A História do Brasil para Quem Tem Pressa”, de
Marcos Costa, escritor e historiador de Presidente Prudente, analiso a formação
do País e de seu povo, os conflitos para atravessar a história e os que ainda
atingem a sociedade brasileira. O escritor e historiador busca entender as
características das relações sociais e raciais, e as razões dos atrasos
econômico e político da nação, item Literatura, página 13, Karina Denari, no
texto Vida entre Muros, coluna
Texticulos, item Variedades, Página 17, Em Um
Pacto de Paz Internacional, Ada Pellegrini Grinover fabula um pacto no
planalto, item Em Brasília..., página 9 e, para aliviar o ambiente, trouxe a
contribuição bem-humorada de Richard de Almeida, na coluna Casca Bico, item Humor, página 20, e o depoimento espiritualista do
visionário Billy Seixas, o Incognoscível, seguidor da
filosofia mística de Raul Seixas, item Entrevista, páginas 10 e 11, porque,
afinal, parafraseando o poeta, sem um pouco de ironia, de esoterismo e de cachaça
ninguém segura este rojão!
Chegamos hoje a um
ponto limite em que a autoridade maior do país, os secretários e os
representantes do povo não são autores de seus atos. O que dizem e prometem
precisa ser decifrado, às vezes, invertido. Nenhuma identidade, coerência,
segurança e bem-estar parecem asseguradas. Enfim, tudo indica que estamos
afinal pública, plena e oficialmente sob o domínio da egolatria selvagem, do
marketing visual da obra, apenas por cumprimento de cronograma, mas sem
pesquisa, sem planejamento, sem estrutura equilibrada atual e futura. E,
principalmente, sem políticas públicas que garantam as condições mínimas de
vida à população, a exemplo de formação e atualização profissional, os absurdos
como o déficit no serviço dos transportes coletivo e interestadual, incluindo o
problema de sincronia nos horários do terminal urbano da cidade e de
perspectivas aos jovens e a grande porcentagem da Terceira Idade que sente a insegurança
propagada, junto à síndrome da miséria interligada ao pânico, a depressão, as
patologias psicossomáticas e a loucura. Superá-las depende de reconhecer sua
existência, compreender-lhes a essência, a fonte, a causa, enfim, a atitude de
arrancar as máscaras dos articuladores das marionetes do espetáculo cruel e sem
graça, que nos ensinam a aceitá-lo.
Acredito que a equipe
do Pio-Pardo pretende contribuir
para esse embate cobrando do Poder Público uma política pública à preservação
da Pinacoteca do Centro Cultural Matarazzo, do Museu e Arquivo Histórico
Antônio Sandoval Netto, a ação concreta do Plano Municipal de Cultura (PMC), a autonomia
e leis autorrealizáveis e de incentivo para o Conselho do Patrimônio Físico, evitar
os muros do separatismo discriminatório social impostos pelos condomínios particulares,
entre outras questões fundamentais.
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