Ilustração de Rubens Shirassu Júnior
Ao
centenário de Presidente Prudente
Como uma criatura que cava
perfurando a terra, o seu chão,
sem achar escape.
No rosto, essa mesma expressão dispersa ou
grave,
esse indeciso traço de sol-posto
de fuga que há no bico de uma ave.
O mais é jeito desumano.
O que procurou em alguns momentos
não cabe no infinito, e é fuga e vento
no peito transtornado e ferido.
O que és, o que sobra, esmigalhado
vive de fome, não morre todo, e fica no ar,
parado.
O coração pulverizado range,
mas deixa uma angústia espiralante.
De frente ao caixa para depositar
lágrimas de noturno orvalho,
de mágoa desiludida.
A
casa da família assassinada em 30 anos de prestações,
o
asfalto, as áreas de lazer, pílulas coloridas de calmantes,
encobrem
o desemprego, a miséria, entre outras necessidades.
Chuva torrencial do coração
composta na treva de hoje
que tão só destila desejo
de que o dia amanhecerá!
Nalgum lugar faz-se esse homem
contra as astúcias dos bancos
e a amargurada política
no sublime arrolamento dos contrários
enlaçados por fim.
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