Pular para o conteúdo principal

O sumo das coisas


Porque enquanto vive, critica, pensa, repensa e inventa as coisas
que experimenta com paixão



Alma de Brinquedo
Leonardo de Paula Campos
78 páginas
2ª edição - 2010
Editora Funcec
Fundação Comunitária Educacional
de Cataguases, Minas Gerais


Em Alma de Brinquedo, livro de estreia de Leonardo de Paula Campos, a matéria e a temática essencial de sua poesia, são o homem inserido no mapa geográfico dos desejos, das revelações e limites do mundo atual. O poeta mineiro descreve em rápidas e belas pinceladas poéticas os rios, as praças, as ruas e o povo de Cataguases e arredores. Campos, como poeta, não se preocupa com a coerência. Se há alguma, está na busca do sumo das coisas, que muda sempre, porque enquanto vive, critica, pensa, repensa e inventa, que experimenta com paixão: ”...convivo a fio com a minha própria reticência: este dilema sem morada ou descanso”. In: Inerências.
Fica visível nos breves comentários de Ronaldo Cagiano, poeta e escritor, Luiz Ruffato, escritor, Luciano Andrade, Mestre em Literatura pela UFES, Joaquim Branco, escritor e professor de letras na Fic e Emerson Teixeira Cardoso, poeta, que os seus poemas não têm planos e estilo, ele os escreve meio cego. São uma descoberta passo a passo, algo que vai sendo revelado a cada momento. A criação poética como a grande aventura de como fazer. No decorrer da leitura de Alma de Brinquedo, forma-se um mosaico de formas e estilos variados. A atitude despojada de Campos mostra a liberdade em esboçar na página em branco, e isso significa que todas as possibilidades estão abertas, são infinitas.
Na verdade, a sua poesia inventa a realidade, procura realizar a alquimia e o significado além da palavra, como tradutora do mundo da complexidade humana, do ser preso e condicionado ao seu quintal particular, a sua cultura e civilização.



Comentários

  1. Olá, Rubens Shirassu!
    Gostei do Blog, muito bem organizado, um apelo mudo e figurativo à leitura dos textos que aqui estão. Parabéns pelo trabalho!
    Com uma visão aguçada, seu texto conseguiu captar a veia que perpassa e conduz a poesia de Alma de brinquedo.

    Lepcam

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O PAU

pau-brasil em foto de Felipe Coelho Minha gente, não é de hoje que o dinheiro chama-se Pau, no Brasil. Você pergunta um preço e logo dizem dez paus. Cento e vinte mil paus. Dois milhões de paus! Estaríamos assim, senhor ministro, facilitando a dificuldade de que a nova moeda vai trazer. Nosso dinheiro sempre se traduziu em paus e, então, não custa nada oficializar o Pau. Nos cheques também: cento e oitenta e cinco mil e duzentos paus. Evidente que as mulheres vão logo reclamar desta solução machista (na opinião delas). Calma, meninas, falta o centavo. Poderíamos chamar o centavo de Seio. Você poderia fazer uma compra e fazer o cheque: duzentos e quarenta paus e sessenta e nove seios. Esta imagem povoa a imaginação erótica-maliciosa, não acha? Sessenta e nove seios bem redondinhos, você, meu chapa, não vê a hora de encher a mão! Isto tudo facilitaria muito a vida dos futuros ministros da economia quando daqui a alguns anos, inevitavelmente, terão que cortar dois zeros (podemos d

Trechos de Lavoura Arcaica

Raduan Nassar no relançamento do livro em 2005 Imagem: revista Usina             “Na modorra das tardes vadias da fazenda, era num sítio, lá no bosque, que eu escapava aos olhos apreensivos da família. Amainava a febre dos meus pés na terra úmida, cobria meu corpo de folhas e, deitado à sombra, eu dormia na postura quieta de uma planta enferma, vergada ao peso de um botão vermelho. Não eram duendes aqueles troncos todos ao meu redor velando em silêncio e cheios de paciência o meu sono adolescente? Que urnas tão antigas eram essas liberando as vozes protetoras que me chamavam da varanda?” (...)             “De que adiantavam aqueles gritos se mensageiros mais velozes, mais ativos, montavam melhor o vento, corrompendo os fios da atmosfera? Meu sono, quando maduro, seria colhido com a volúpia religiosa com que se colhe um pomo. E me lembrei que a gente sempre ouvia nos sermões do pai que os olhos são a candeia do corpo. E, se eles er

O Visionário Murilo Mendes

Retrato de Murilo Mendes (1951) de Flávio de Carvalho Hoje completaram-se 38 anos de seu falecimento Murilo Mendes, uma das mais interessantes e controvertidas figuras do mundo literário brasileiro, um poeta difícil e, por isso mesmo, pouco divulgado. Tinha uma personalidade desconcertante, sua vida também constitui uma obra de arte, cheia de passagens curiosas de acontecimentos inusitados, que amava Wolfgang Amadeus Mozart e ouvia suas músicas de joelhos, na mais completa ascese mística, não permitindo que os mais íntimos se acercassem dele nessas ocasiões. Certa vez, telegrafou para Adolph Hitler protestando em nome de Mozart contra o bombardeio em Salzburgo. Sua fixação contemplativa por janelas foi assunto do cronista Rubem Braga. Em 1910, presenciou a passagem do cometa Halley. Sete anos depois, fugiu do internato para assistir ao brilho de outro cometa: Nijinski, o bailarino. Em ambos os casos sentiu-se tocado pela poesia. “Na