Pular para o conteúdo principal

Análise sútil da relação pais e filhos





Os atores Roberto Bataglin e Cláudio Marzo




Hoje, será exibido o filme Nunca Fomos tão Felizes, um longa-metragem de Murilo Salles, às 19h30, na Sala de Cinema Condessa Filomena Matarazzo, parte integrante do Centro Cultural Matarazzo. Amanhã (2 de março) e domingo (3), o filme será apresentado às 17 horas.
Feito com base num conto do escritor gaúcho João Gilberto Noll, tirado de um slogan difundido pela Globo na década de 70. O filme de Salles faz uma análise sutil e emocionada do relacionamento entre pais e filhos, do poder da televisão junto aos jovens que são praticamente abandonados em casa e, em termos genéricos, do isolamento dos guerrilheiros. Exceto na parte política, claramente datada, os problemas abordados em Nunca Fomos Tão Felizes são atuais, pois para muitas famílias a televisão continua a ser uma espécie de babá eletrônica, e as dificuldades enfrentadas por Gabriel são as mesmas de qualquer jovem com pais que se dedicam de corpo e alma a uma causa ou profissão.
A grande novidade do filme é que Murilo Salles, com experiência de fotógrafo, usa uma linguagem eminentemente visual. Seus personagens não se explicam ou fazem discursos. O diretor se limita a colocar Gabriel no apartamento claro e vazio, por exemplo, para mostrar a sua solidão. Esse tipo de recurso, porém, vai bem até certo ponto — Gabriel não se cansa de perguntar ao pai o que ele faz, irritando não só Cláudio Marzo como o espectador. Essa redundância só não chega a comprometer definitivamente o filme porque Marzo e Bataglin, trabalhando em perfeita sintonia com o diretor, conseguem mudar de rosto e entonação a cada vez que a cena se repete.


Centro Cultural Matarazzo
Rua Quintino Bocaiúva, Nº 749
Fone: (***18) 3226-3399
Vila Marcondes, zona leste de Presidente Prudente
         E-mail: centroculturalmatarazzo@culturapp.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O PAU

pau-brasil em foto de Felipe Coelho Minha gente, não é de hoje que o dinheiro chama-se Pau, no Brasil. Você pergunta um preço e logo dizem dez paus. Cento e vinte mil paus. Dois milhões de paus! Estaríamos assim, senhor ministro, facilitando a dificuldade de que a nova moeda vai trazer. Nosso dinheiro sempre se traduziu em paus e, então, não custa nada oficializar o Pau. Nos cheques também: cento e oitenta e cinco mil e duzentos paus. Evidente que as mulheres vão logo reclamar desta solução machista (na opinião delas). Calma, meninas, falta o centavo. Poderíamos chamar o centavo de Seio. Você poderia fazer uma compra e fazer o cheque: duzentos e quarenta paus e sessenta e nove seios. Esta imagem povoa a imaginação erótica-maliciosa, não acha? Sessenta e nove seios bem redondinhos, você, meu chapa, não vê a hora de encher a mão! Isto tudo facilitaria muito a vida dos futuros ministros da economia quando daqui a alguns anos, inevitavelmente, terão que cortar dois zeros (podemos d

Trechos de Lavoura Arcaica

Raduan Nassar no relançamento do livro em 2005 Imagem: revista Usina             “Na modorra das tardes vadias da fazenda, era num sítio, lá no bosque, que eu escapava aos olhos apreensivos da família. Amainava a febre dos meus pés na terra úmida, cobria meu corpo de folhas e, deitado à sombra, eu dormia na postura quieta de uma planta enferma, vergada ao peso de um botão vermelho. Não eram duendes aqueles troncos todos ao meu redor velando em silêncio e cheios de paciência o meu sono adolescente? Que urnas tão antigas eram essas liberando as vozes protetoras que me chamavam da varanda?” (...)             “De que adiantavam aqueles gritos se mensageiros mais velozes, mais ativos, montavam melhor o vento, corrompendo os fios da atmosfera? Meu sono, quando maduro, seria colhido com a volúpia religiosa com que se colhe um pomo. E me lembrei que a gente sempre ouvia nos sermões do pai que os olhos são a candeia do corpo. E, se eles er

O Visionário Murilo Mendes

Retrato de Murilo Mendes (1951) de Flávio de Carvalho Hoje completaram-se 38 anos de seu falecimento Murilo Mendes, uma das mais interessantes e controvertidas figuras do mundo literário brasileiro, um poeta difícil e, por isso mesmo, pouco divulgado. Tinha uma personalidade desconcertante, sua vida também constitui uma obra de arte, cheia de passagens curiosas de acontecimentos inusitados, que amava Wolfgang Amadeus Mozart e ouvia suas músicas de joelhos, na mais completa ascese mística, não permitindo que os mais íntimos se acercassem dele nessas ocasiões. Certa vez, telegrafou para Adolph Hitler protestando em nome de Mozart contra o bombardeio em Salzburgo. Sua fixação contemplativa por janelas foi assunto do cronista Rubem Braga. Em 1910, presenciou a passagem do cometa Halley. Sete anos depois, fugiu do internato para assistir ao brilho de outro cometa: Nijinski, o bailarino. Em ambos os casos sentiu-se tocado pela poesia. “Na