Imagem: The New York Times
Parece haver muita gente que acha que
educação, respeito e boas maneiras não precisam
se estender ao trânsito
motorizado
Em Presidente Prudente, hoje, tudo é
voltado e (mal) planejado para as necessidades dos automóveis. Parece que as
pessoas, em sua imensa maioria, desaprenderam a caminhar ou a se deslocar de
outras maneiras. Mesmo para trajetos de 500m, elas optam pelo uso do veículo,
seja próprio ou de transporte coletivo, talvez até pelo suposto status
que o veículo particular possa conferir ao cidadão. Há uma enorme preocupação
da Prefeitura em cuidar das pistas de rolagem, mas nenhuma em manter as
calçadas minimamente trafegáveis para os pedestres e cadeirantes. É como se as
calçadas fossem “terra de ninguém”; como se nenhum incauto fosse ousar caminhar
a pé por elas. Acontece que há milhares de prudentinos que, por consciência ou
por falta de opção, precisam caminhar pelas calçadas. E como é duro ser
pedestre nesta cidade. Em muitos casos tornam-se praticamente invisíveis, pois
os motoristas jogam seus carros sobre eles sem a menor cerimônia, dando ainda a
entender que eles, pedestres, os estão atrapalhando em suas manobras,
principalmente, nas entradas e saídas de garagens seja de edifícios
residenciais e estacionamentos de bancos. É como se a calçada deixasse de ser,
sobretudo, o caminho reservado aos pedestres para ser, prioritariamente,
entrada e saída de veículos.
Além disso, os níveis da falta de educação e outras
manifestações grotescas dos motoristas têm passado de todo e
qualquer limite aceitável. Eles metem as mãos nas buzinas a qualquer pretexto, convergem
sem acionar o pisca de sinal das lanternas, a qualquer hora, não importando se
a zona é residencial ou se há crianças e idosos por perto. É a barbárie. E na
maioria dos casos, as criaturas
grotescas são produzidas por pessoas que se autointitulam como
sendo de bem. Parece haver muita gente que acha que educação, respeito e boas
maneiras não precisam se estender ao trânsito motorizado.
As preocupações dos governantes com o
transporte público estão muito aquém de onde deveriam estar. Os investimentos
em transportes integrados, que possibilitem aos cidadãos se moverem de maneira
rápida e digna em Presidente Prudente são infinitamente menores do que
efetivamente essa cidade precisaria. E olhe que as passagens são caras. Pagamos
alto para andar como sardinhas em lata, em ônibus reformados e cujos horários
(em média de 40 a 50 minutos de espera num ponto de ônibus) e a frequência de
partidas sempre estão longe de serem os ideais, gerando a superlotação
cotidiana. Além do atraso nos compromissos como trabalho e consultas médicas,
as consequências comprometem a credibilidade do(a) cidadã(o) gerando
advertências no emprego e criando a imagem negativa da irresponsabilidade. Você
fica entre a cruz e a espada!
Projetos para amenizar o problema do
poder público, de urbanistas e de engenheiros de trânsito com pedestres e
motoristas em geral, praticamente não existem. Pouco se investe em passarelas, no
aumento de alternativas que amenizem o engarrafamento no trânsito e em reais
incentivos, a exemplo de campanhas educativas para que a população adotasse de
maneira segura e confortável o uso das bicicletas em nossas ruas e avenidas,
diminuindo, no decorrer do tempo, o congestionamento caótico na área central de
Presidente Prudente (como a construção de um estacionamento vertical). Por
enquanto, tudo se resume aos carros, tudo se destina aos carros. Eles são os
donos das ruas e dos corações e mentes da maioria das pessoas, inclusive
daquelas que detém o poder e que, se quisessem, poderiam começar a mudar essa
situação. Enquanto isso, ser pedestre, usuário de transporte coletivo,
motociclista ou ciclista em Presidente Prudente, como também em São Paulo, são
atividades de alto risco, para as quais não há garantias ou preocupações por
parte de ninguém.
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