Todas as afirmações masculinas que independem do pinto
- foram, de um jeito ou de outro,
uma extensão das
primeiras calças
Nenhuma palavra expressa a nossa
perplexidade diante do universo feminino do que a palavra Cacilda! Mas quem
quer usar a palavra não para fascinar, mas para transmitir um pensamento ou
apenas desabafar encontra um desafio maior, pois a expressão Cacilda tem dois
lados. Dependendo do estado de espírito soa picante e com dose pejorativa. Pela
história mostra as raízes de nossos hábitos e costumes machistas.
Uma das tantas teorias é a angústia
do pênis exposto no começo da civilização. Quando os primeiros homens desceram
das árvores e foram morar na savana, por andar eretos e ter que pegar as frutas
foi que seus órgãos sexuais ficaram expostos ao escrutínio público. Por
complexo de inferioridade, os machos tomaram providências, começando por tapar
suas vergonhas, para não darem às fêmeas a chance de organizarem uma sociedade
de acordo com a sua observação da novidade e determinarem que os mais potentes
teriam o poder - o que inviabilizaria qualquer tipo de hierarquia baseada na
inteligência e, principalmente, na antiguidade, além de decretar o fim da
linhagem dos cacetes pequenos, que nunca se reproduziriam. A civilização
começou pelas calças ou o que quer que fosse a moda de tapa-sexos nas savanas.
Todas as afirmações masculinas que
independem do pinto - foram, de um jeito ou de outro, uma extensão das
primeiras calças. Um disfarce, um estratagema do macho para roubar da fêmea o
seu papel natural de guiar a espécie escolhendo o reprodutor que lhe serve
pelas suas credenciais mais evidentes e não pelas suas poses ou poemas. Toda
nossa cultura misógina vem do pavor da mulher que quer retomar seu poder pré-histórico
e, não sendo nem prostituta nem nossa santa mãe, nos tirar as calças.
Mas, em comparação com o que a
mulher, historicamente, sofreu num mundo dominado por homens e seus terrores, o
que ela sofre com a Natureza é Cacilda, com trocadilho. No entanto, dentro da
política representativa do homem, deixamos elas cuidarem de nós como macacos,
usando a palavra Cacilda, como pretensão mal-disfarçada de nossa dependência e
carência afetiva.
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