Êxodo de Lasar Segall
Aroma
de ar quente, de chuva ácida com terra
e
de couro curtido.
Corado
clarão de sol deixando perceber
a
impaciência do estômago vazio.
A
terra infértil arrancara milhares
de
almas infecundas do subsolo infeliz,
vêm
de dentro as formas decrépitas
do
povo caminhando no chão estragado.
O
ar morto fede odor de couro curtido
e
o ardente calor da terra racha-me
os
pés como se fossem incisões de bisturi
e
assim pensando ante à rotina
que
me oprime
julgo
ver este espírito infeliz,
que
em mim se encarna
se
aflige, se afobe
como
quem raspa a sarna,
chama-o
de girassol de asas crepitantes.
O
motor quente do centro da Terra
para,
e transforma em cemitério
de
matéria dissolvida.
Eis
o horrendo cataclisma
da
química feroz,
onde
produz remoinho
que
puxa para o abismo.
Quando
a estiagem segue
sinto
uma desproteção total, violenta
e
eu mesmo sendo dissolvido
pelo
calor externo ao corpo
dando
as minhas baforadas a esmo
como
rolos de brasa
compondo
fisionomias sem nome nas pedras.
O
espaço antes nubloso
e
a pele cheia de fogo da terra.
Os
elementos estão separados e também as cores
nos
próprios olhos desmesurados.
Inoculados
pelos gestos aflitos
e
ritos solitários,
os
dentes mordem uns nos outros rangendo,
nesta
paisagem singular.
Os
erros tornam-se evidentes,
os
choques inevitáveis,
resultando
em fatias feitas
de
silenciosa e franzina carnadura.
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