Biblioteca Aprosiana de Ventimiglia, na Itália
Pessoas de bons conhecimentos bibliográficos abriram
sebos nas principais capitais brasileiras,
comercializando o livro usado como mercadoria boa
e valiosa, mudando completamente o conceito
comercial do livro usado
Até as três últimas décadas, o valor
comercial de bibliotecas era tão crítico que os proprietários ou herdeiros não
eram motivados a negociá-las nos sebos. A comercialização dos livros usados era
exercida, quase sempre, sem nenhuma técnica. Os livros eram jogados no chão
onde os compradores os reviravam como objetos desprezíveis. Não havia o mínimo
zelo pelos livros, o que era lamentável. Nessa conjuntura, destinar bibliotecas
aos sebos era realmente um atentado à cultura. Como não tinham valor comercial,
ainda hoje não são arroladas nos bens deixados para a família. A solução mais
viável era doá-los ou simplesmente deixá-las entregues à sanha destruidora dos
insetos.
Sobre as doações de bibliotecas, o
agraciado mesmo sendo uma instituição, na maioria das vezes recebia o acervo
como verdadeiro “presente de grego”, devido ao problema de espaço ou à
incidência de obras em duplicata e até triplicata. Essas doações só eram bem
destinadas, como ainda hoje o são, quando entregues às bibliotecas em formação
e carentes da bibliografia.
É sabido que grandes acervos de
livros têm passado de pais para filhos, que as suplementam com novas
aquisições. Sabe-se que muitas bibliotecas são guardadas como simples objeto de
estima, contrariando a função cultural do livro.
Com a criação dos cursos de Biblioteconomia
em nível de bacharelato, despertou a atenção dos interessados no nobre comércio
de livros usados. Pessoas de bons conhecimentos bibliográficos abriram sebos
nas principais capitais brasileiras, comercializando o livro usado como
mercadoria boa e valiosa, mudando completamente o conceito comercial do livro
usado. Como prova de valorização do livro usado, nada melhor que a proliferação
dos estabelecimentos desse gênero. Há ótimos sebos que compram bibliotecas em
todo o Brasil.
Essa nova dinâmica superou
completamente o desestímulo dos possuidores de bibliotecas de venderem-nas nos
sebos. Os livros vendidos aos reais interessados adquirem cotações justas,
cabendo até a pergunta: “Quem paga bem conserva mal?”. Portanto, os sebos
modernos estão à disposição dos interessados para fazer avaliações e pagar até
fortunas pelas bibliotecas e fazer os livros chegarem às mãos dos estudiosos e
pesquisadores.
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