Pela
sua surdez,
o
rio é uma cobra esculpida
de
so(m)bras de terra
diante
do meu olhar
crava-me
um deserto
nas
entranhas.
O
rio desmonta o seu curso
iça
suas velas, sumindo
suas
imagens
se
interna dentro do poço
do
calabouço em si mesmo.
Nada
me aparta do manancial,
sem
domínio, sem obsessão,
maior
que o prazer de explorá-lo,
não
é a sensação de descoberta,
mas
a música interior que a água compõe,
desmedida
de minha alma, de meu espírito,
exigindo
um rompimento altivo
e
definitivo com o medo.
O
rio corre adiante
viaja
entre as estrelas
me
escapando das artérias
dos
olhos.
Te
vejo como leito
sem
pulso, estirado
um
outro rio percorre
em
tua calha exposta.
Escoadouro
de pruridos,
do
insano progresso,
acumulando
pedras nas vísceras,
represa
anzóis,
onde
arrastei cardume de sonhos
na
pele rugosa, hoje, cansada,
aos
trancos e barrancos,
hiberna
tantos (des)caminhos
camuflando
diviso outras miragens
engolindo
minha história,
indigente
sonâmbulo.
Entre
detergentes, óleos, solventes e ácidos,
o
rio absorve e não expurga,
embrenha
na alma catatônica.
Comentários
Postar um comentário