Morto o autor, apagam-se o seu nome e sua obra
No contorno das comparações, são
numerosos os pontos de aproximação entre as livrarias antiquarias e as
bibliotecas públicas ou particulares, destacando-se para o interesse imediato
deste trabalho há o fato de que tornam possível o desejado ressurgimento de não
poucos livros e autores que foram marcos importantes da vida cultural.
Depositárias de toda a produção literária, livrarias e bibliotecas mantêm a
possibilidade e disponibilidade do que se escreveu e publicou em todo o mundo
no decorrer de tantos séculos; fica, por isso mesmo, nas mãos dos alfarrabistas
e pesquisadores, a possibilidade e, mesmo, a responsabilidade de fazer retornar
obras e autores que formam, por algum tempo, celebrados como iminências da vida
cultural e, posteriormente, caíram no olvido, sendo afastados de toda a
programação editorial. Alguns reaparecem por qualquer eventualidade, como é o
caso de Guilherme de Almeida, aclamado “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, cuja
obra “Raça” foi a única reeditada após o falecimento: uma gota apenas se
lembrarmos que só sua poética “Toda a Poesia” reuniu em sete volumes,
graficamente bem cuidados, vinte e cinco livros, não estando aí computados os
livros de poesia posteriores e toda a produção em prosa.
O normal é que, morto o autor,
apagam-se o seu nome e sua obra, como se nunca tivesse representado valor, como
se fossem dispensáveis e descartáveis, diríamos hoje. É verdade que o mesmo
ocorre com nomes consagrados da literatura universal, mesmo em suas pátrias;
não é apanágio do autor e do povo brasileiro.
Mas por diferentes motivos-trabalhos
de tese, no decurso de pesquisas e homenagens póstumas – reaparecem alguns,
levando o possível interessado a procurar a bibliografia desejada, no acervo
estático das bibliotecas, ou nas casas alfarrabistas, surpreendendo-se com a
inexistência, nestas últimas, de nenhuma obra do rol elaborado. Não acontece o
mesmo, com tanta frequência, ao colecionador que elegeu para as suas delícias
justamente os trabalhos abandonados, perseverando na procura dos assuntos e
autores seus eleitos, completando, em anos e anos de paciência e labor, as
coleções almejadas. O que nem sempre se disse, é que se deve a eles e aos alfarrabistas
a salvação de verdadeiras preciosidades que, sem seu concurso, teriam sido
recicladas para o reaproveitamento do papel. Assim foi que desapareceram
numerosas obras das quais só têm notícias por registros eventuais.
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