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Faces do ser mãe



Medeia, Jasão e a carruagem de Hélio – C-400














PEQUENOS BURGUESES - MÃE
Gorki
Teatro e romance russo
Traduções de Fernando Peixoto, José Celso Martinez Correa
e Shura Victoronova
Abril Cultural
537 Páginas
São Paulo - SP
1979



"Leio livros proibidos. Os livros são proibidos porque dizem a verdade sobre a nossa vida de operários. São impressos às escondidas e se os encontram aqui metem-me na prisão, porque eu quero saber a verdade".

O relato do homem à beira da morte que afirma que sua vida foi mutilada pelo árduo trabalho na fábrica para o patrão comprar um penico de ouro para uma cantora: “Nesse ouro está a minha força, a minha vida. Foi assim que a perdi, um homem matou-me de trabalho para agradar à amante... Comprou-lhe um penico de ouro com meu sangue.”

“Falas bem, sim, mas não tocas o coração, aí está. É no mais fundo do coração que é preciso acender a centelha. Não cativarás as pessoas pela razão. Este sapato é demasiado fino, demasiado pequeno para o pé delas.”







Um dos clássicos da literatura do século passado, Mãe, um romance considerado a obra-prima do escritor russo Máximo Gorki. Neste livro, o autor dá-nos a conhecer todo o sofrimento do povo russo no limiar do século XX e que o próprio viveu, mas sente-se, ao mesmo tempo, neste relato a esperança de que triunfem aqueles que lutam pela justiça. A personagem central, de Mãe, é Pelágia, uma mulher de bastante idade que só aos poucos vai percebendo o ideal revolucionário pelo qual o seu filho Paulo se bate. E, mais tarde, quando o filho é deportado é a velha Pelágia que toma o seu lugar, para dar continuidade, na sua vez, à sua luta.
O escritor inspirou-se em manifestações reais do primeiro de maio de 1902 e no julgamento de seus participantes. Escrito e publicado em 1907, este romance descreve em pormenor a desgraça, a tristeza e a miséria em que vivia o povo russo no tempo do czar Nicolau II. É entre essa miséria que emerge um grito lancinante de revolta, o grito profundo das almas feridas que arrancará a esperança das profundezas da injustiça. O título e a atuação da protagonista no romance de Máximo Gorki ensejam algo especial sobre o papel das mães na elaboração do perfil do cidadão e sua presença na construção da história. Lembremos das mães da Praça de Maio, dos soldados mortos em combate, dos mestres pensadores e das artes, dos líderes e mártires...








MEDEIA – HIPÓLITO – AS TROIANAS
Eurípides
Volume III
Assunto: Teatro – Tragédia Grega
Tradução do grego e apresentação: Mário da Gama Kury
Tamanho: 16 x 23 cm
236 Páginas
7ª Edição
Zahar
Rio de Janeiro - RJ




A tragédia Medeia (gr. Μήδεια), uma das mais conhecidas obras-primas de Eurípides, foi representada pela primeira vez nas Dionísias Urbanas de -431, ano em que começou a Guerra do Peloponeso.
Medeia, mata o próprio irmão para fugir com o amado, Jasão, que roubara o velocino de ouro. Anos mais tarde, Jasão a abandona, para se casar com a jovem e bela filha do Rei Creonte. Indignada, Medeia planeja uma terrível vingança contra Jasão.
Eurípides nos transmitiu, nesse drama, um dos mais interessantes e emocionantes retratos das forças antagônicas que governam a alma humana. Medeia, a personagem principal, luta com todas as forças e armas contra as adversidades que a acometem.










MEDEA
Pier Paolo Pasolini
Produção: Franco Rossellini
Fotografia (belíssima): Ennio Guarnieri
Edição: Nino Baragli
Desenho de Produção: Dante Ferretti
Direção de Arte: Nicola Tamburro
Figurino: Piero Tosi
Idioma: Italiano
Ano de produção: 1969
Países de produção: Itália, Alemanha, França,
Duração 110 minutos
Colorido
Atores: Maria Callas (Medeia), Guiseppe Gentili (Jasão), Laurent Terzieff (centauro), Margarethe Clementi (Gláucia), Massimo Girotti, Paul Jabor, Vladimir Julukhadze, Udo Kier, Gerard Weiss, Luigi Barbini, Paul Jabara, Anna Maria Chio




Em Medea, Pier Paolo Pasolini, de 1969, apresenta o trágico como o conflito entre razão e sentimento existente no interior do homem. Nota-se que o filme tem duas partes principais: antes e depois da segunda aparição do Centauro. Após essa cena, há o encontro entre o texto de Eurípides e o do diretor, escritor e poeta italiano, sendo que o filme se assemelha à tragédia do filósofo grego.
No início, o personagem Centauro discursa para o espectador e para Jasão, em três fases da vida dele: na infância, na adolescência e depois na sua vida adulta. Na primeira cena, Centauro narra para o menino o mito do velocino de ouro. Na segunda, Centauro afirma: “tudo é santo! Não há nada de natural na natureza. Quando a natureza te parecer natural, isso será o fim de tudo e o começo de outra coisa”
Na terceira cena, expõe para Jasão o significado “para o homem antigo” do mito e dos rituais. Em seguida, Centauro diz a Jasão que ele deverá ir até o tio dele, Pélias, para recuperar seu reino e que, para isso, o tio imporá a ele “uma empresa heróica”: recuperar o velocino de ouro. Com o objetivo de realizar a tradução para o cinema da tragédia Medeia, de Eurípides, Pasolini desconstruiu as ideias formadas pelo pensamento moderno acerca das obras trágicas, que geralmente as reduz a melodramas que apelam para sentimentos de simpatia ou de antipatia.
Maria Callas mostra-se exuberante em seu único papel no cinema, a terrível, passional e impenetrável Medeia, a quem empresta dignamente seus olhares fatais. No filme, destacam-se a sincronia entre a fotografia de Ennio Guarnieri, os figurinos originais, a trilha sonora perturbadora e os rituais pagãos.
Medea é o quarto e último dos filmes trágicos e míticos de Pasolini e uma oportunidade para abordar a transição do velho mundo religioso-metafísico para o novo mundo laico-pragmático. Uma metáfora sobre o Terceiro Mundo e, talvez, o mais maneirista e um dos mais ideológicos de sua filmografia.










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