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O Mesmo Discurso dos Mandarins


 
 
Mandarim da Marvel Comics
 
 
 
 
 
 
            O problema da descrença não é só em Presidente Prudente, mas em todo o País. O município, infelizmente, pode pouco na organização política, porque ele também é uma expressão do lobby dominante. Pode um pouco mais na organização das metas na medida que estas se interligam com outras categorias da produção industrial, como a ciência, a educação e a tecnologia.
            Mas, no momento em que cada segmento da sociedade sente-se desvalorizado, agredido e manipulado, como um pequeno parafuso que serve a uma máquina devastadora, é preciso redobrar a nossa percepção ou avaliação sobre a tentativa de certos candidatos, seja a Prefeito ou para vereador, de fixar uma hegemonia de conceitos ou de ideologias populistas. É preciso estar atento e realista às promessas milagrosas, essa tal da cultura da miséria bombardeada, aliada ao marketing de igualdade social e de direitos. Seria a sustentação do velho discurso desgastado e demagógico, aquela retórica repetitiva ou o mais do mesmo, entre outros truques e estratagemas tradicionais da história medíocre, grotesca e absurda da “politicagem.”
            Acorde, meu caro leitor, podemos dizer sem temer a cultura do medo que continua sendo propagada por alguns meios de comunicação sensacionalistas no Brasil. Sendo a Câmara, o local onde se reúnem os representantes políticos do povo, ela deve expressar a vontade desse mesmo povo – o desejo da sociedade. A população deve, portanto, estar ciente se o candidato escolhido, o instrumento e a expressão, estão amplamente acessíveis a todos os estranhos da sociedade e não a encenações circenses, de teor chaplinesco e mandarinesco, onde se vê um político não aprovar determinado projeto só porque não o beneficia de alto valor financeiro.
            A condução da nação, também do município, em termos políticos, não se deve constituir pelo domínio, geralmente entregue a “políticos mutantes”, nada autênticos, firmes em seus propósitos, atitudes e pouco aculturados, mas pela sua capacidade de reivindicar e renovar-se com os óculos mais contemporâneos de futura metrópole. É costumeiro e habitual que a maioria dos candidatos planeja “picaretear” projetos uns com os outros, para assim obter a parte dos votos à Câmara ou ao Planalto. São os intitulados grupos mandarinescos, e essa característica marcante acaba transformando a máquina municipal e dos Estados no que são hoje: um instrumento negligente e incompetente arquipélago de defeitos e vícios que emperram as mesmas.
            Na visão daqueles, de que por falta de cultura e consciência crítica não sabem traçar um perfil do candidato almejado: a) Cursos e especializações; b) Idoneidade moral; c) Algum conhecimento em leis civis, trabalhistas e de trânsito; d) Trabalho feito com bases nos problemas da cidade e do Brasil e, por finalizar, dinamismo. Cada projeto precisa, além da seriedade, uma coerência de recursos para não virar apenas planos de papel utópico. Tudo em função de uma conjuntura real de recursos e necessidades, os vereadores, prefeitos, deputados e senadores devem aprovar leis que resistam ao tempo. A fixação de metas de interesse maior e a formação de equipes para realizá-las é uma saída para o Poder Executivo. Não basta que Presidente Prudente ou o País seja democrático, é preciso que os democratas sejam competentes.
 

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